Livraria 18 de Abril

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Um olhar puro

   

Em seu famoso Sermão da Montanha, Jesus afirmou que a candeia do corpo são os olhos.

Também disse que, se os olhos forem bons, todo o corpo terá luz.

Mas se eles forem maus, todo o corpo será trevoso.

A candeia era um utensílio utilizado para iluminação.

Devia ser colocada em local alto e de destaque, a fim de que sua luz se espraiasse ao longe.

Consoante antigos ditados populares, os olhos são a janela ou o espelho da alma.

Esses adágios revelam a importante correlação existente entre os olhos e a essência da criatura.

De ordinário, é preferencialmente por eles que o ser humano percebe a realidade que o cerca.

A partir dessa percepção, ordena seu sentir e seu proceder.

O que ele focaliza, o que elege como importante para prestar atenção, dá o tom de seu viver.

Como disse Jesus, se os olhos são bons, todo o corpo é luminoso.

O mundo é rico de distrações.

Sem uma orientação firme, é possível perder-se nelas e tornar-se alguém fútil.

Novelas e séries de TV, Internet e revistas são apenas alguns dos passatempos à disposição.

Não possuem nada de intrinsecamente errado, mas não constituem o objetivo da existência.

Justamente por isso, não podem consumir tempo em excesso.

O Espírito não toma um corpo de carne para se distrair, mas para se aperfeiçoar.

O tempo mais bem aproveitado é o despendido no burilamento intelectual e moral.

Em conversas instrutivas, no aconchego da família, com os amigos do coração.

Ou no aprendizado de uma língua, na meditação sobre um texto de moral ou filosofia.

Também possui grande valor a dedicação a uma causa, a atenção dada a pessoas carentes ou enfermas.

Entretanto, não é apenas com o excesso de distrações que se deve ter cautela.

Pior do que gastar tempo com banalidades é fixar a atenção em coisas deletérias.

Vive-se na Terra uma época de grande permissividade e vigora o discurso de que quase tudo é normal.

Assim, pode não parecer chocante gostar de pornografia, manter conversas picantes ou ficar acordado por conta de noitadas.

Mas é preciso cuidado com aquilo em que se fixa detidamente o olhar, para não comprometer a própria dignidade.

O gosto pela podridão, ainda que socialmente aceito, conspurca a essência do ser.

Para não ter um corpo trevoso, conforme o dizer evangélico, importa ter bons olhos.

Ou seja, focar a atenção no que de belo e puro há no mundo.

Tomar gosto por conversações e leituras sadias.

Gastar o próprio tempo em atividades construtivas e dedicar-se a obras sociais.

O resultado dessa opção pelo bem será uma formosa luz que revestirá todo o ser.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.