Livraria 18 de Abril

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Recomendações derradeiras

   

Um dia, que ignoro quando, meus olhos hão de se fechar para esta existência.

Mais cedo ou mais tarde, meu corpo, ainda jovem, ou quem sabe, cansado e enfermo, há de se entregar irremediavelmente e deixará de vibrar.

Minhas mãos hão de repousar inertes e meus pés já não  poderão me levar à parte alguma.

Terei deixado essa vida, feliz ou não, partindo para o outro plano da existência, como tantas vezes já o fiz, quando me valia de outros veículos carnais.

Pois bem, eis aí o meu destino.

Idêntico ao de todos os demais seres viventes: nascer, morrer, renascer...

Hei de morrer, mas não temo a morte, porque sei que meu Espírito sobreviverá a ela.

Respeito-a, porque sei que representa o final de um ciclo e o início de outro.

É uma passagem, uma transformação.

É um fato natural e inevitável.

Sabendo disso, muitos são os que tecem seus testamentos, pensando naqueles que ficam.

Também eu quero que algumas recomendações sejam registradas.

Aos meus filhos quero deixar meus exemplos corretos.

Que eles possam fazer uso de meus acertos, das palavras bem colocadas e das atitudes dignas de nota.

Quero que eles cantem alegres, repetindo refrões das músicas que tantas vezes cantamos juntos.

Deixo a eles a certeza de que muito os amei, os amo e os amarei para sempre, porque nem o tempo, nem a distância são capazes de diminuir a intensidade de um verdadeiro amor.

Deixo-lhes, ainda, as lembranças dos momentos alegres que passamos, e que ainda passaremos juntos.

Espero que essas recordações possam lhes fazer companhia nos momentos em que a saudade vier lhes roubar a paz e os sorrisos.

Aos meus amigos deixo minhas melhores conversas e toda a sensação de alegria que a presença deles possa ter causado em minha vida.

Deixo-lhes a minha gratidão por todas as vezes que me ouviram, me toleraram e me animaram a continuar na luta.

Aos meus amores deixo o meu afeto mais puro e a esperança de um reencontro mais sereno e equilibrado, em um futuro não muito distante.

Que não se sintam cobrados, nem pressionados, se, por acaso, não me dedicarem o mesmo amor que lhes ofereço.

Àqueles que feri, que magoei, que prejudiquei, deixo meu sincero pedido de perdão e meu desejo de reparar todo o mal que lhes causei e todo bem que deixei de lhes oferecer.

Espero que possam aceitar minhas desculpas e que me permitam ressarcir-lhes, um dia, os danos que minha incúria e meu egoísmo lhes causaram.

Deixo a todos aqueles que cruzaram meu caminho e que, de alguma maneira, influenciaram minha existência, meu humilde agradecimento.

Desejo que, um dia, possa eu também lhes ser útil, auxiliando-os na dura jornada do progresso individual.

À natureza deixo minha mais intensa e profunda gratidão, pela sua exuberância e por tudo que dela me vali nessa existência.

Desejo que ela seja respeitada e conservada para que não se deteriore pelo descaso humano.

Aos meus pais e a Deus, Pai de bondade, deixo o meu reconhecimento pela oportunidade da vida e pela dedicação constante e incondicional que me foi oferecida.

Assim, partirei com a mente e com o coração mais pacificados, porque terei legado o que de melhor há em mim, em benefício de todos aqueles que me são caros.

Redação do Momento Espírita.