Oração e trabalho
Conta-se que no deserto de Tebaida vivia um velho monge que costumava dar sábios conselhos a todos que o buscassem com essa finalidade.
Um dia, aos primeiros alvores da manhã, vindo de país longínquo, bateu á humilde casa de sua moradia, um frade moço e forte que lhe disse:
- Irmão, venho lhe pedir para que, em nome de Deus, me ensine a fugir das tentações.
O venerável monge olhou-o com tranqüilidade e falou com doçura:
- Outro pedido lhe farei. Ajude-me um pouco hoje e amanhã lhe ensinarei, pela graça de Deus, o que deseja. E assim ficou combinado.
Os primeiros raios de sol surgiam no infinito, quando os dois se entregaram ao trabalho de amainar a terra. O monge cantava e o frade o acompanhava.
Quando o sol quente anunciava o meio do dia, ambos fizeram uma pausa. Tomaram uma refeição frugal e saborosa, para logo mais voltarem para a lida.
Quando os últimos raios do sol se despediam, na linha do horizonte, os dois deixaram o eito e voltaram para casa.
A mesa singela oferecia o repasto para o corpo e ambos jantaram juntos.
Terminada a refeição, fizeram um pequeno passeio por entre o arvoredo, ouvindo a algazarra da passarada que buscava lugar seguro para o repouso entre a folhagem.
Em seguida, se recolheram e oraram juntos. Estudaram as escrituras e deitaram-se, depois, para dormir.
Pela manhã, o monge perguntou ao seu hóspede:
- Meu irmão, você ainda quer saber como afastar as tentações?
- Não, respondeu o frade. Já aprendi o bastante, mestre.
E, beijando respeitosamente as mãos do monge, partiu.
Tinha obtido o remédio para afastar todas as tentações: a oração e o trabalho. Essas duas forças se constituem no antídoto eficaz contra as quedas do ser humano.
Jesus-Cristo, com Seu exemplo maior, dignificou o trabalho com o próprio exemplo. Seu ministério foi, sobretudo, de ação e movimento.
Levantava-se com o dia e devotava-se ao bem dos semelhantes pela noite a dentro.
Médico - não descansava no auxílio efetivo aos doentes.
Professor - não se fatigava repetindo as lições.
Juiz - exemplificava a imparcialidade e a tolerância.
Benfeitor - espalhou, sem cessar, as bênçãos do amor infinito.
Sábio - colocou a ciência do bem ao alcance de todos.
Advogado - defendeu os interesses dos fracos e dos humildes.
Trabalhador divino - serviu a todos, sem reclamação e sem recompensa.
Serviu-se da oração para buscar a sintonia com o pai, durante toda a sua vida.
O exemplo do Cristo é sublime e contagiante. Tanto é assim, que os apóstolos abandonaram o comodismo para sair em campo e fazer o que o Mestre fizera: trabalhar e orar.
Portanto, trabalho e oração. Eis o remédio contra as tentações.
Você sabia que, na Roma imperial, no ano de 71 antes da era cristã, foram crucificados trinta mil escravos, na Via Ápia?
A falta dos condenados era aspirar ao trabalho digno e em liberdade.
Com Jesus, no entanto, nova época surgiu para toda a humanidade.
Fontes de consulta: 1. Livro lendas do céu e da terra, história adaptada. 2. Livro: roteiro, cap. 17, evangelho e trabalho.