O mais importante (II)
Conta-se que, certa vez, o imperador D. Pedro II recebeu uma carta de seus admiradores, que dizia que eles haviam decidido abrir uma lista a fim de angariar fundos suficientes para erigir uma estátua ao imperador.
D. Pedro leu com vagar a missiva.
Depois, redigiu a resposta aos promotores do movimento, pedindo-lhes que aplicassem o produto da lista na instalação de escolas para o povo.
Entre outros apontamentos, escreveu:
"Senhores, sabem como sempre tenho falado no sentido de cuidarmos seriamente da educação pública."
"Nada me agradaria tanto como ver a nova era de paz, firmada sobre o conceito da dignidade dos brasileiros, começar por um grande ato de iniciativa deles a bem da educação pública."
"Agradecemos a idéia que tiveram da estátua."
"Estou certo de que não serei forçado a recusá-la."
Utilizar bem os recursos amoedados é demonstração de sabedoria.
Empreender campanhas em prol desta ou daquela causa também.
Sempre que nos prestarmos a arrecadar fundos, a colaborar para o bem geral, pensemos no que é mais apropriado.
Verifiquemos quais as necessidades da localidade onde vivemos, e nos perguntemos: o que é mais importante?
Se o local está detritos nas ruas, compete-nos lutar por uma coleta de lixo e pela educação dos moradores para que coloquem em dias certos, em locais apropriados, bem acondicionado todo o lixo, a fim de ser recolhido.
Se a localidade onde residimos não dispõe de socorro médico, cabe-nos incentivar a instalação de um ambulatório, um posto médico, um pequeno hospital. Ao menos, para atender as situações de emergência, os casos mais críticos, porque perder minutos no atendimento pode significar a morte.
Se observamos a criançada andando solta pelas ruas, rapidamente comecemos uma campanha pela instalação de uma escola.
Se a escola existe, verifiquemos se não está deficitária.
Se não estará necessitando de recursos materiais e humanos para poder atender a um maior número de crianças.
Disponhamo-nos a ser voluntários nas horas da semana que nos sobram e auxiliemos a escola.
Verifiquemos, pessoalmente, o que de mais ela precisa mais e lutemos para conseguir.
Se nos preocuparmos hoje com a criança, instruindo-a, educando-a, amanhã, com certeza, teremos menos criminosos para punir.
***
Dinheiro não é fator absoluto de felicidade, mas pode concretizar a felicidade de muitos.
Pode se transformar no remédio ao doente, na gota de leite à criança faminta, no teto ao velhinho sem família ou em abandono.
Pouco dinheiro pode comprar um pão, muito dinheiro pode abrir um negócio que empregue vários pais de família, a fim de que muitas crianças tenham pão à mesa. E não somente pão, mas também frutas, verduras e uns docinhos extras.
Assim, toda a vez que o dinheiro circular por suas mãos ou você se sentir motivado a realizar campanhas, pense sempre no mais necessário.
Vá além e realize o melhor.
Equipe de Redação do Momento a partir de texto extraído da obra de Walter José Faé, Chico Xavier, D. Pedro I e o Brasil, ed. Correio Fraterno do ABC (SP), denominado Pedro II e a Instrução.