Livraria 18 de Abril

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Uma nova chance

   

Écomum que as pessoas, quando seriamente doentes, olhem para seu passadoarrependidas por tantos equívocos, por tantas oportunidades desperdiçadas.

Quasesempre admitem que gostariam que suas prioridades tivessem sido diferentes.

Elassentem que poderiam ter utilizado mais tempo com as pessoas e com as atividadesque realmente amavam, e menos tempo se preocupando com aspectos da vida que, seexaminados mais profundamente, não têm real importância.

Outras,ainda, percebem que se afastaram de seus amores e de seus ideais de forma lenta,porém, quase irremediável.

Masserá necessário esperar uma situação extrema para analisar a postura dianteda vida e da utilização do tempo?

Emborasaibamos que a morte é uma transformação e que continuaremos a viver mesmodepois da falência de nosso corpo físico, vale a pena fazer a experiênciasugerida por Richard Carlson, autor do livro "Não faça tempestade em copod’água".

Elesugere: imaginemo-nos em nosso próprio funeral.

Isso,segundo o autor, permitirá que consigamos olhar em retrospectiva a vida,enquanto temos oportunidades de fazer mudanças expressivas.

Alémdisso, tal exercício seria capaz de conceder-nos a chance de lembrar que tipode pessoa gostaríamos de ser e quais as prioridades que realmente contam.

Arespeito desse tema vale a pena lembrar a postura de Francisco de Assis.

Poucotempo antes de sua desencarnação, Francisco, já muito doente e enfraquecido,trabalhava tranqüilamente em seu jardim, quando foi interrompido por Frei Leão,um dos seus seguidores.

FreiLeão, embevecido com a figura serena do pequeno Francisco, perguntou-lhe:Paizinho - como costumeiramente o chamava - se você soubesse que iriamorrer amanhã, o que você faria?

Franciscosorriu docemente e respondeu sem alterar-se: Eu continuaria a trabalhar no meujardim.

Quantos de nósteríamos a mesma tranqüilidade perante tal indagação?

Quantosteríamos, diante da certeza da morte próxima, a confiança de que estamosrealmente fazendo aquilo que nos compete fazer e que nada foi relegado,abandonado, esquecido?

Franciscosabia que sua conduta não merecia reparos e que não havia nada mais, além doque ele já estava fazendo, que devesse ser realizado.

Eledemonstrou estar pleno da paz que invade apenas aqueles que têm a consciênciatranqüila pelo dever cumprido.

Essaanálise, porém, só pode ser feita por cada um de nós, a quem compete,individualmente, saber a que viemos e se estamos atendendo e cumprindo as metasque norteiam a nossa atual existência.

Ninguémpode nos dizer o que fazer ou deixar de fazer, como, quando, e de que forma.

Trata-sede escolhas individuais cuja responsabilidade cabe a cada um de nós de maneiradireta e intransferível.

Deixar parafazer esse balanço apenas quando a desencarnação se mostra próxima e inevitável,é desperdiçar as oportunidades de renovação que Deus nos oferece a cadaminuto.

Alémdisso, independentemente da nossa atual situação, não nos é dado saber se aoamanhecer do próximo dia ainda estaremos no corpo físico.

Deusjamais desistirá de nós, mas isso não é justificativa para que protelemospor milênios a felicidade que nos é destinada desde sempre.

Pensenisso, mas pense agora.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base nocapítulo 21 do livro Não faça tempestade em copo d´água, de Richard Carlson.