Morte suave
A eutanásia continua gerando polêmicas em todo o mundo e mantém divididas as opiniões. Existem os que defendem a sua legalização, primando pelo que dizem ser o direito de morrer com dignidade.
Mas o que será morrer com dignidade? Será fugir ao sofrimento, abandonando prematuramente o corpo?
Será furtar-se à espera angustiante de uma morte que, conforme o diagnóstico médico, logo atingirá o ser?
A dignidade de morrer se situa na resignação, na conduta mediante a qual a criatura enfrenta a morte.
Para quem sabe que a dor somente atinge a quem necessita, que não se é dono do próprio corpo, pois que nos foi dado por Deus, por empréstimo, a fim de vivermos no planeta que nos acolhe, fica claro que não se tem o direito de programar a maneira mais agradável de morrer.
O dever é sempre de preservar o corpo para que ele cumpra a finalidade para a qual foi elaborado.
Os últimos instantes, na enfermidade, podem significar a glória ou a infelicidade no além-túmulo.
Cada um sofrerá apenas o de que necessite. Depois se libertará. O padecimento está na razão direta dos débitos assumidos nesta ou em outras vidas.
Numa época em que habitualmente se morre nos centros de terapia intensiva, ligados a aparelhos múltiplos, ou nas camas de hospitais, longe dos familiares, morrer com dignidade pode significar simplesmente estar com a família, permitir-se alguns desejos simples, despedir-se, partir em paz.
Recordamos de uma jovem estudante de enfermagem que, ao ter o diagnóstico de morte breve, por enfermidade grave que lhe comprometeu a saúde em poucas semanas, manifestou o desejo de retornar ao lar, deixando o hospital.
Desde que não havia nada mais a ser feito, ela teve a possibilidade de ser levada para casa.
Seus desejos se resumiam em assistir, com detalhes, o nascer do sol em plena madrugada. Vê-lo surgir radioso, plenificando de luz a manhã.
Depois, enquanto ainda a relva se encontrasse umedecida pelo orvalho, andar descalça a fim de sentir o frescor do dia na sola dos pés.
Finalmente, ansiava ver sua sobrinha lambuzar-se com um bombom de chocolate, ao deliciar-se com ele.
Nas horas que lhe sobraram, ela fez o inventário de seus pertences e os foi destinando a parentes, amigos, colegas.
Na calma da noite, ela se entregou ao sono e não mais despertou na carne.
Morreu serena, lembrando que o Mestre Jesus, na cruz, antevendo a morte, ergueu os olhos aos céus e orou: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.
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Os que, em plena saúde defendem a eutanásia, podem alterar a sua forma de encarar os fatos quando se apresentem enfermos física ou mentalmente. Isto porque, a cada instante, muda-se de emoção e de outra forma pode-se passar a se considerar os acontecimentos.
A aplicação da eutanásia se constitui em homicídio, pois que a vida é patrimônio de Deus.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 9, do livro Alegria de viver, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.