Tempo para preocupações
Como suportar grandes tragédias, sem desistir?
Como expulsar da mente as grandes preocupações?
Marion Douglas conta uma experiência pessoal muito forte, uma verdadeira tragédia aos olhos humanos, segundo ele, ou melhor, duas grandes tragédias.
Conta primeiramente da grande perda que sentiu, com a morte de sua filhinha de cinco anos, que adorava.
Ele e a esposa julgaram não poder suportar essa primeira perda. Mas, como ele mesmo disse: Dez meses depois, Deus nos deu uma outra filhinha - e ela morreu em cinco dias.
Foi-lhes quase impossível aguentar essa dupla perda.
Eu não me podia conformar - disse o pai. Não conseguia dormir, nem comer, nem descansar, nem, ao menos, tranquilizar-me.
Estava com os nervos profundamente abalados e perdera completamente a confiança em mim mesmo.
Procurou vários médicos. Um deles recomendou pílulas para dormir. Outro, uma viagem. Experimentou ambas as coisas, mas nenhuma delas deu resultado.
Era como se o meu corpo estivesse preso numa cavilha, e a manivela cada vez o apertasse mais.
A tensão do sofrimento... Quem já se viu alguma vez paralisado pela dor sabe bem o que isso quer dizer.
Mas, graças a Deus tínhamos ainda uma criança - um filho de quatro anos. Foi ele quem solucionou o meu problema.
Uma tarde, em que me sentei a um canto, sentindo piedade de mim mesmo, ele me perguntou: "Papai, quer construir um bote para mim?"
Eu não me achava em estado de espírito para construir um bote. Para dizer a verdade, não estava em estado de espírito para fazer nada. Mas o meu filho é uma criaturinha persistente! Tive que ceder.
Demorei cerca de três horas construindo o pequeno barco.
Ao terminar, verifiquei que as três horas que passara trabalhando no barco tinham sido as primeiras horas de repouso mental e de paz, que experimentara durante muitos meses!
Essa descoberta me arrancou da apatia em que estava, fazendo-me pensar muito - o que não fazia há muitos meses!
Compreendi que é difícil se preocupar quando se está ocupado com alguma coisa que requer planejamento e raciocínio.
No meu caso, a construção do pequeno bote expulsou-me do Espírito todas as preocupações. De modo que resolvi continuar sempre ocupado.
Passei a encher minha vida de atividades estimulantes.
* * *
Winston Churchill certa vez afirmou, quando lhe perguntaram se se sentia preocupado com as enormes responsabilidades que tinha, na fase mais difícil da guerra:
Estou muito ocupado. Não tenho tempo para preocupações.
* * *
Enquanto nos achamos em atividade, temos poucas preocupações. Mas as horas que se seguem ao trabalho - eis as horas perigosas...
O trabalho, a ocupação útil, é remédio poderoso contra as enfermidades que assolam a alma extremamente preocupada.
O trabalho é Lei Divina, e por isso apresenta-se como rico instrumento de felicidade e reestruturação, para o Espírito machucado pelas lutas.
Sejamos úteis ao mundo. Trabalhemos! E veremos que não nos sobrará tempo para preocupações.
Redação do Momento Espírita com base no cap. 6, pt. 3,do livro Como evitar preocupações e começar a viver, de Dale Carnegie, ed. Companhia Editora Nacional.