Contra a corrente
Lá vai o homem descendo o rio caudaloso.
Nenhum esforço faz para seguir à frente.
As águas o levam no influxo impetuoso, poupando-o das pedras e outros obstáculos.
Com facilidade, ele avança sempre, impelido rapidamente pelo bojo da massa líquida.
Força, situação e movimento a seu favor.
Nada lhe é contrário.
No entanto, outro homem vai subindo o rio.
Em luta constante, movimenta os braços.
Bate os pés.
Respira fundo.
Desgasta-se agoniado.
Esforça-se para não afundar.
Fadiga-se para sobreviver.
E avança contra o impulso das águas e os obstáculos.
Com dificuldade, ele nada, nada sempre, varando, pouco a pouco, a torrente poderosa.
Tudo lhe é contrário.
* * *
Esta é a vida do homem na Terra.
Descer a favor da corrente do mundo é sempre fácil. É só deixar-se levar.
Acumpliciando-se sistematicamente com as ações da maioria.
Jamais se dispondo contra o erro, o equívoco.
Só dizendo sim para tudo e para todos. Seguindo despreocupadamente, sem o exame dos próprios atos.
Boiando sempre, em menor esforço.
Mas, subir contra a corrente do mundo, é mais difícil.
É preciso valor para enfrentar a adversidade.
É necessário paciência para fugir aos erros de tradição.
É indispensável ser forte para tornar-se exceção no esforço maior.
* * *
Pense nisso!
Antes da reencarnação, necessária ao progresso, a alma roga a porta estreita das dificuldades, como oportunidade gloriosa nos círculos carnais.
Reconhece a necessidade do sofrimento purificador. Anseia pelo sacrifício que redime. Exalta o obstáculo que ensina.
Compreende a dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a lição, nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos infinitos da vida.
E, graças à misericórdia Divina, obtém o vaso frágil de carne, em que se mergulha para o serviço de retificação e aperfeiçoamento.
Reconquistando, porém, a oportunidade da existência terrestre, volta a procurar as portas largas por onde transitam as multidões.
Fugindo das dificuldades, empenha-se no menor esforço.
Temendo o sacrifício, exige a vantagem pessoal.
Longe de servir aos semelhantes, reclama os serviços dos outros para si.
Lembremo-nos de que, como cristãos, em muitas ocasiões devemos estar contra a corrente dos preconceitos e prejuízos das convenções.
E que, conforme ensinou o Cristo, devemos nos esforçar por entrar pela porta estreita, a porta que dará acesso à felicidade almejada por todos nós.
O caminho normal é viver com todos. No entanto, vez por outra é imperioso nadar em sentido contrário...
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 39 do livro Bem-aventurados os simples, pelo Espírito Valerium, psicografia de Waldo Vieira, ed. Feb e no cap. 20 do livro Vinha de luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 06.06.2008.