Espelho da alma
Quando somos jovens, geralmente temos uma boa relação com o espelho. Paramos diante dele e nos olhamos de corpo inteiro e por todos os ângulos.
Temos mais coragem de nos observar, de enfrentar possíveis desajustes físicos, e o futuro está a nosso favor.
Somos mais flexíveis, desarmados, versáteis, e mais dispostos às mudanças. Gostamos de trocar opiniões e acatamos idéias novas com facilidade.
Nossa alma, tanto quanto nosso corpo está em constante transformação. Estamos sempre à procura de novos significados para velhas idéias.
Com o passar do tempo, vamos evitando espelhos que reflitam nosso corpo por inteiro. Procuramos aqueles que mostrem apenas do pescoço para cima.
Fugimos da nossa aparência, por não gostar dela ou porque ainda desejamos ver refletido aquele corpo jovem, a cabeleira abundante, a pele lisa e brilhante.
E porque não gostamos da nossa imagem, fugimos do espelho, como se isso resolvesse o nosso problema.
Assim também acontece com as questões da alma.
Quando somos jovens temos coragem de refletir sobre nossas atitudes, gostamos de aprender coisas novas e estamos dispostos a enfrentar desafios.
Buscamos respostas para nossas dúvidas e não tememos as críticas, por entender que elas nos ajudam a crescer.
Mas quando as gordurinhas do comodismo vão se acumulando em nossa alma começamos a fugir de espelhos que nos mostrem tal qual somos.
As idéias vão se cristalizando e não temos mais tanta disposição para reciclar as nossas memórias.
Posicionamo-nos numa área de conforto e nos deixamos levar pelas circunstâncias, sem tantos esforços.
Para muitos é como se uma influência paralisante lhes tomasse de assalto.
Não se interessam mais pelo conhecimento, nem por fazer novas amizades ou cuidar um pouco do corpo e da saúde.
Esquecidos de que a sabedoria não está na espinha dorsal nem na pele jovem ou na basta cabeleira, entregam-se ao desânimo como se tivessem chegado ao fim da linha.
Não se dão conta de que enquanto estamos respirando é tempo de aprender e crescer, de fazer exercício e eliminar as gorduras indesejáveis.
Enquanto podemos contemplar o espelho físico, podemos nos observar e envidar esforços para corrigir o que julgamos necessário.
Enquanto a vida nos permite, devemos voltar o olhar para o espelho da consciência e ajustar o que seja preciso, para que fiquemos mais belos e mais sábios.
Arejar os pensamentos e reciclar as memórias infelizes que teimamos em arquivar nos escaninhos do ser.
Repensar conceitos, refazer idéias, rever atitudes e posturas.
Só assim afastaremos o desejo constante de fugir do espelho, de fugir de nós mesmos, fingindo que somos felizes e mascarando a realidade.
Pense nisso e não lute contra a natureza, desejando segurar o tempo com as mãos.
Não deixe que a sua sabedoria se esconda nas rugas da pele nem perca o viço entre os cabelos brancos.
A beleza da sua alma é independente do corpo físico. A sua grandeza se reflete na sua forma de pensar, sentir e agir, e não na imagem projetada no espelho.
Pense nisso e observe-se de corpo e alma, por inteiro.
Lembre-se de que cabe somente a você a decisão de assumir a realidade e modificá-la, quando, como e se julgar necessário.
Pense nisso!
Pior do que estar insatisfeito com o corpo é a insatisfação com a própria consciência.
Essa insatisfação lhe rouba a paz, a alegria, a vontade de crescer e ser feliz.
Por isso é importante lembrar que você pode modificar essa realidade quando desejar.
Basta investir na sua melhoria íntima arejando a mente, eliminando preconceitos e adquirindo conhecimentos que lhe tragam satisfação e paz de consciência.
Pense nisso, mas pense agora.
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.