Filhos pródigos
Quando ouvimos falar de filho pródigo, logo nos vem à mente um homem rico dissipando a sua fortuna material nas festas e gozos do mundo.
No entanto, se dilatarmos nossa visão, perceberemos outros aspectos que merecem atenção.
Os filhos pródigos não estão somente onde há dinheiro em abundância. Podemos encontrá-los em todos os campos da atividade humana, ocupando diversas posições.
Grandes cientistas da terra são perdulários da inteligência, destilando venenos intelectuais, indignos das concessões com que foram aquinhoados.
Artistas preciosos gastam, por vezes, inutilmente, a imaginação e a sensibilidade, através de aventuras mesquinhas, caindo no relaxamento e nos resvaladouros do crime.
Filhos pródigos que estão, nesse momento, desperdiçando a fortuna do tempo, acomodados confortavelmente em uma poltrona, curtindo a ociosidade.
Ou então, usando seus conhecimentos para criar coisas ou situações prejudiciais aos demais.
Há os que dissipam a saúde através dos vícios de toda ordem.
Os que são pródigos em desculpas para seus próprios erros, mas econômicos quando se trata de desculpar os equívocos alheios.
Muitos esbanjam, deliberadamente, as oportunidades de crescimento que a vida oferece a cada instante.
Vários governantes dissipam a confiança que lhes foi depositada, jogando fora a oportunidade de testemunhar dignidade e honradez.
Pais que se demitem da missão que lhes foi conferida e deixam escorrer pelas mãos a bendita oportunidade de elevar moralmente a prole que Deus lhes confiou.
Filhos pródigos somos quase todos nós. Deixando escoar as oportunidades de calar uma ofensa, evitar um ataque de ira, conter um comentário maldoso.
Temos sido avaros, ou comedidos quando se trata de doar-nos, de oferecer algo de nós mesmos.
Somos econômicos quando alguém nos pede uns minutos de atenção, um favor qualquer, mas pródigos em passar as horas ocupando-nos com coisa nenhuma.
Economizamos bons modos, e distribuímos palavrões a mancheias, críticas azedas, queixas sem fim.
Não economizamos o palavrório vão, mas custa-nos falar bem de alguém ou de alguma coisa.
É importante que pensemos um pouco a respeito do uso que temos feito de tudo o que nos é concedido: tempo, saber, saúde, oportunidades.
Porque é sabido que tudo o que esbanjamos nos fará falta, hoje ou amanhã.
É bom verificar se não estamos sendo pródigos demais com as coisas ruins, poupando as nossas virtudes ou deixando de cultivá-las.
Pense nisso!
Os obstáculos que criamos na estrada evolutiva, só retardam a nossa felicidade.
Enquanto nos detivermos nos caminhos estreitos dos enganos, não perceberemos a grande avenida iluminada que nos conduzirá à felicidade suprema.
Essa avenida é a mensagem do Cristo, pois a afirmativa é dele: "eu sou o caminho da verdadeira vida, ninguém chegará ao pai, senão por mim".
Pensemos nisso!
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no cap. 24, do livro Pão Nosso.