Oração e vigilância
Muitas são as formas pelas quais o homem pode se pôr em oração.
Pode repetir as palavras ensinadas por Jesus aos apóstolos, na última ceia, por meio do Pai Nosso.
Pode, ainda, dialogar com o Criador, por meio de palavras singelas e sinceras, agradecendo as dádivas que recebe e pedindo pelo amparo de que necessita.
Há, no entanto, outra forma de oração.
Há a prece-ação, por meio da qual o ser, ativamente, liga-se a Deus.
Ora o trabalhador que curva o corpo no arado e sulca o seio da terra.
Ora a professora que, tomando as mãos do pequenino, o conduz através da experiência do alfabeto.
Ora o jovem que renuncia aos prazeres fáceis do mundo oferecendo suas horas ao ministério da enfermagem.
Ora o homem que empreende a luta honesta para a aquisição do pão que lhe honra a estabilidade doméstica.
Ora a mãe que ampara e aleita o pequenino ser gerado.
Ora a criança que ingenuamente brinda a vida, correndo e rindo, por entre as flores do jardim.
Quem, buscando a fonte generosa, distribui água refrescante, ora, porque matar a sede do aflito é também orar.
No entanto, o Sublime Galileu foi incisivo em sua orientação de que é necessário orar e vigiar.
E quão pouco vigilantes temos sido ao longo dos séculos.
Quantas vezes sucumbimos à ira, aos desejos inferiores, abandonando o caminho do bem.
Em inúmeras oportunidades de crescimento e soerguimento moral, deixamo-nos arrastar pela correnteza da vida, deixando para trás a porta estreita que nos levaria à felicidade verdadeira.
Deve-se vigiar constantemente para não resvalar outra vez nos desfiladeiros da desdita e das sombras.
Quando a boca, na disputa verbalista, for tentada ao revide, silenciemos e vigiemos humildemente.
Calar uma ofensa é prova inequívoca de que não se deixou levar pela agressão indevida.
A mão que deixa de apontar na via pública um antigo opositor, vigia, porque não acusar é exercer a vigilância em si mesmo.
A alma que pretendia saltar perigosa sobre o agressor e, ao invés disso, despedaça a cólera aninhada no coração, vigia, porque perdoar o crime é colocar-se em vigília.
Jesus orienta-nos para que não nos deixemos contaminar pelo veneno do mundo.
Pense nisso!
A oração é o meio mais eficiente de nos colocar em ligação com o Pai Criador.
A vigilância é a mais eficiente forma da qual dispomos para não sucumbir fragilmente diante das dificuldades e das tentações da vida.
Aquele que ora se aproxima de Deus, e quando vigia permite-se estar em sintonia com a divindade.
Em dias turbulentos como os nossos, orar é pacificar a mente e o coração.
Vigiar é não permitir que as bênçãos divinas sejam desperdiçadas ao primeiro sopro da adversidade.
Quando o ser está vigilante não se deixa levar pelos rompantes que desestabilizam os corações mais frágeis e ignorantes.
Quem ora e vigia encontra-se imune às influências dos adversários do bem, porque tem mais condições de enfrentar as provas da vida e sair vitorioso.
"Orai e vigiai", aconselhou-nos Jesus.
Eis aí um sábio e valoroso conselho de quem conhece nossas dificuldades mais íntimas e ama-nos profundamente.
Pensemos nisso!
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no capítulo 31 do livro Enfoques Espíritas, de Divaldo Pereira Franco, do Espírito Vianna de Carvalho.