Livraria 18 de Abril

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Trabalho e consciência

   

O sol apenas despertara a aurora e a brisa fresca da manhã trazia notícias de que a chegada do inverno estava próxima.

No parque, poucas pessoas faziam sua caminhada matinal, antes dos afazeres diários...

A agitação das aves era notada por aqueles que sabem apreciar esses detalhes da natureza.

Numa árvore próxima a uma pequena ponte, um joão-de-barro construía sua morada.

Lá estava ele... esticando o pescoço o quanto dava para construir a parte superior do ninho.

Do pequeno monte de barro depositado na parte inferior do ninho, ele retirava porções mínimas com o bico e fazia os retoques nas laterais de sua habitação.

Um trabalho árduo, sim, para quem não tem mãos, não tem ferramentas, não tem ajuda de ninguém... Tem apenas o bico e asas para voar em busca de matéria prima.

Um pássaro muito pequeno, um exemplo de dedicação e de fidelidade ao instinto recebido do criador.

Aquele joão-de-barro não se importava com seus vizinhos, com os predadores, com as intempéries, apenas construía seu ninho com esmero, sem preguiça, sem desculpas, com dedicação.

Mas nem todos os pássaros são exemplos de dedicação e trabalho.

O chupim, ou engana-tico, pássaro muito comum no Brasil, não constrói ninho. A fêmea procura um ninho de tico-tico ou de outra espécie, joga fora o ovo que encontra e bota ali o seu próprio ovo.

A verdadeira dona do ninho não se dá conta e choca o ovo da invasora até que nasça o filhote.

O filhote de chupim já nasce maior do que sua mãe adotiva, mas esta se desdobra para alimentá-lo até que tenha condições de buscar o próprio sustento.

Duas aves, duas situações bem diferentes.

Uma possui a arte de trabalhar, a outra o instinto de enganar, de roubar, de matar.

Assim também acontece no reino dos humanos.

Existem homens que trabalham com dedicação, seriedade, honestidade, honradez.

E existem pessoas que vivem do esforço alheio. Nada produzem; nada edificam. Aproveitam-se do trabalho dos outros, e são hábeis no instinto de enganar.

São verdadeiros parasitas sociais. São corruptos, hipócritas, malandros, e se dizem espertos.

Têm orgulho de lesar o erário, lesar pessoas, fazer conluios, conchavos, negociatas...

Enchem os cofres com o dinheiro das drogas, das barganhas, da vilania, das guerras.

São os chupins da humanidade...

Seriam eles os verdadeiros espertos?

Ah, certamente não!

Pobres criaturas que pensam enganar a própria consciência!

Ao contrário do que acontece com os chupins que só tem o instinto animal, o ser humano tem responsabilidade moral sobre todos os atos praticados, em sã consciência.

E, mais cedo ou mais tarde, terão que devolver às soberanas leis que regem o universo moral, tudo o que tenham retirado de forma ilícita.

Desse supremo juiz, do tribunal chamado consciência, nada escapa, nada se burla, nada se perde.

Por isso vale a pena olhar para si, em frente ao espelho e responder com toda sinceridade: "sou joão-de-barro, ou sou chupim?"

Em prol da própria saúde mental, se a resposta pender para chupim, vale a pena uma mudança radical de atitude... Porque a vida não termina no túmulo, e todos receberemos conforme nossas obras.

Pense nisso!

O trabalho é lei da vida.

Ninguém engana a própria consciência fugindo ao dever.

Na grande folha de pagamento do código divino, estão registrados todos os nossos serviços, nossos desserviços e nossas faltas, e é segundo esses registros que receberemos no além túmulo.

Pense nisso, mas pense agora!

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita