Livraria 18 de Abril

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Uma Refeição inesquecível

   

Você, com certeza, deve ter ido almoçar ou jantar em casa de amigos, muitas vezes.

Se hoje alguém lhe perguntasse, qual desses momentos foi inesquecível, você lembraria?

Pois quando a pergunta foi feita para uma jornalista chinesa, de imediato ela recordou da refeição mais memorável de sua vida.

Ela fora enviada a uma aldeia, em uma viagem jornalística, para apresentar  os camponeses esquecidos.

Foi designada para ficar com uma família uma noite. Um casal com três filhos.

Eles tinham duas galinhas e todos os dias trocavam dois ovos por um pouco de arroz, farinha, óleo e algumas verduras.

É claro que não estavam em condições de alimentar um hóspede. Assim, a jornalista se preparou para passar fome, pois seria melhor do que comer da pouca comida que eles tinham.

A casa tinha paredes de barro e telhado de palha. A dona da casa lhe mostrou uma prancha de madeira, a cama que ela deveria partilhar, naquela noite, com as meninas de 7, 5 e dois anos e meio.

As crianças ficaram muito agitadas. Abriram a bolsa da jornalista, tiraram tudo de dentro e a crivaram de perguntas:

O que era um creme facial? Para que servia um lenço? O que se coloca dentro de uma frasqueira?

A dona da casa gritou lá do quintal: Hora do jantar.

Pela casa escura, foram as meninas e a jornalista, até a cozinha.

As pequenas aplaudiram o que viram. A jornalista ficou petrificada: sobre a pequena mesa quebrada estava uma galinha assada.

Por que você matou sua galinha? Por favor, não diga que foi por minha causa.

A mulher não tinha meias palavras. A  vida a tornara dura, seca.

É claro que foi por sua causa! Você veio de longe e é nossa hóspede.

Apenas coma: não temos outra coisa para lhe dar.

A dona da casa se manteve fria, não sorriu, mas a jornalista ficou comovida com sua bondade.

Haveria, pensou, em algum outro lugar do mundo alguém que oferecesse metade dos seus bens terrenos a um convidado, para o jantar?

Foi uma refeição inesquecível. Uma experiência inigualável.

Com gratidão, quatro anos depois, ela voltou para visitar a família. Eles haviam enriquecido, graças à nova política da China.

E a família também demonstrou a sua gratidão por sua visita: deu-lhe, de presente, vinte galinhas e cem ovos.

*  *  *

A próxima vez que você fizer uma refeição em casa de um amigo, pense em como ele se esmerou para o receber.

Pense no tempo que ele dedicou a elaborar o cardápio, escolhendo o que mais agradasse a você.

Atente para a mesa bem posta, os detalhes aqui e acolá e seja grato.

Não reclame se um pequeno senão ocorrer, como a carne não estar tão bem passada quanto você aprecia. Ou se ao molho faltou uma pitada de algo mais.

Lembre que você foi convidado, aguardado, bem recebido e manifeste a sua gratidão.

Redação do Momento Espírita com base no cap. Um par de galinhas inesquecíveis reforçou minha fé na bondade humana, do livro O que os chineses não comem, de Xinran, ed. Companhia das letras.