Livraria 18 de Abril

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O amor venceu!

   

Na sala simples, dessas que existem em muitas Casas Espíritas, um pequeno grupo de mulheres estava reunido para falar a respeito do Evangelho de Jesus.

Aquela reunião semanal se destinava ao atendimento às mães financeiramente carentes, com o objetivo de promovê-las, ajudando-as ao soerguimento moral.

Uma senhora de quarenta e poucos anos, de cabelos quase completamente encanecidos e que trazia as marcas que o tempo e os maus tratos se encarregaram de bordar-lhe no rosto, tomou a palavra e falou em linguagem simples e um tanto tímida:

Quando eu entrei aqui pela primeira vez, há cerca de um ano, vim tão-somente em busca do pão material. Fiquei sabendo que aqui se distribuía alimentos para os necessitados, e por isso me inscrevi.

Agora, um ano depois, quero que todas saibam o quanto minha vida mudou.

Eu tinha um filho de dezoito anos, sempre embriagado. Toda vez que chegava em casa, já era madrugada, e nós sempre discutíamos.

Eu o odiava. Pensava comigo mesma como pudera tê-lo gerado.

Ele, sempre agressivo, eu sempre irada. Nossa vida era um verdadeiro inferno.

Mas aqui eu ouvi falar do amor, das montanhas que ele transporta. Ouvi falar de fé e de esperança. Ouvi falar também do Homem de Nazaré, que passou pela Terra com o objetivo de nos ensinar a amar.

As guerras odientas portas adentro do lar me causavam horror, e por isso resolvi tentar o amor.

Numa noite, fiz um prato de comida e guardei no forno do velho fogão.

Esperei-o chegar, coloquei o prato sobre a mesa e lhe disse com carinho: "Filho, deixei esta comida no fogão... Você deve estar cansado..."

Ele me olhou assustado e respondeu: "Qual é, velha? Tá mudando, é?"

Fiz de conta que não ouvi, e fui me deitar.

Na noite seguinte repeti o gesto. Depois de várias noites, sentei-me com ele à mesa na tentativa de dialogar. Ele, um pouco desajeitado falou: "Mãe, isso não é vida! Você trabalha e eu..."

Ousei passar a mão nos seus cabelos... Tão rebeldes como ele mesmo.

Iniciamos um diálogo. Há quanto tempo não fazíamos isso!

A volta ao lar passou a ser mais cedo a cada noite. Largou a garrafa. Encontrou um emprego.

Hoje, eu quero dizer que não era só o pão material que faltava em nosso lar. O verdadeiro pão da vida é o amor, e esse era o mais escasso.

Agora eu sei que esse amor, do qual vocês falam aqui, funciona mesmo. Basta que tentemos com vontade e coragem, e a paisagem mais escura muda de cor.

O amor dissipa as trevas, e nos faz ver novos horizontes, bem mais promissores.

Hoje, meu filho e eu não nos odiamos mais. Nossa vida mudou completamente e eu gostaria que todas vocês soubessem disso.

Hoje, eu tenho certeza de que, se um dia não houver comida para colocar na mesa, nós dois não brigaremos por isso, mas, juntos encontraremos uma saída.

Agora nós sabemos que o dinheiro não é o mais importante. Que faz falta, sim, mas não faz a felicidade de ninguém.

* * *

Não há arma mais poderosa que o amor. Sua ação penetra as criaturas e as dulcifica.

A ação do amor paralisa o ódio, imobiliza a violência, deixa sem ação a vingança.

Se já temos tentado de tudo, sem conseguir resultado algum, tentemos o amor. Não há força capaz de sobrepujar a força que o amor exerce.

Tentemos o amor! Mas tentemos com a mesma vontade da protagonista da nossa história.

Redação do Momento Espírita, com base em fato relatado no Centro Espírita Ildefonso Correia, em Curitiba, Paraná.