Livraria 18 de Abril

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Uma morada diferente

   

Eu desejo ter uma casa com janelas enormes por onde o sol possa penetrar sempre, até sumir na linha do horizonte.

De portas bem largas e escancaradas para que a lua brilhe intensamente nas noites prateadas.

Sem grades que me impeçam de tocar as flores, e sem muros para fazer barreira aos ventos que trazem sementes de alegria.

Com folhagens na varanda oferecendo beleza e perfume a quem mora na vizinhança.

Uma casa que ninguém ouse invadir, porque estará sempre de portas abertas para quem quiser entrar.

Que tenha paredes invisíveis feitas de abraços, carinho e afeição.

Onde os sonhos brinquem sem medo, e de onde a fantasia não fuja.

Uma casa onde habite a paz e os raios de luz estejam por todos os cantos.

Com amores-perfeitos, gerânios e bromélias plantados ao redor, acariciando as pedras dos seus alicerces. Roseiras, girassóis e margaridas são indispensáveis, no jardim.

Uma casa que tenha bancos de madeira, para um breve descanso ao final do dia... E, junto ao banco, uma árvore com galhos fortes e seguros, onde os pássaros possam fazer seus ninhos. O entardecer requer gorjeios melodiosos e as manhãs exigem as sinfonias sonoras de aves variadas.

E o mais importante é que a casa tenha, por dentro e por fora, a chama do amor sempre crepitante.

Uma casa que tenha risos de crianças e onde os sonhos da infância ainda estejam vivos, guardados na lembrança para aquecer a alma.

Por fim, uma casa onde exista sempre a figura do amor.

Amor de mãe, de pai, de irmão ou de marido. Amor de esposa ou de irmã, de tia ou de avó. Ou, pelo menos, a companhia de um gato ou de um cão, ou qualquer bicho de estimação.

Essa casa não precisa necessariamente ser como as casas comuns. Ela pode se tornar realidade, portas adentro da alma. Pode adquirir vida em nossa intimidade.

* * *

Você já pensou em construir uma casa assim?

Com janelas amplas, portas largas, sem grades, e com jardins floridos?

Para isso não serão necessários engenheiros, arquitetos, tijolos, cimento nem areia...

É uma construção que demanda apenas a vontade de ser livre, sem grades de preconceito, de sectarismo, de insulamento infeliz.

E o mais importante é que está ao alcance de ricos e pobres, instruídos e iletrados, jovens ou velhos...

É só uma questão de acionar a vontade e construir uma morada diferente, apesar de tudo.

Você é muito maior do que sua casa física, você é do tamanho da sua imaginação.

É o que vamos encontrar nos versos do ilustre poeta português Fernando Pessoa:

Da minha aldeia vejo quanto da Terra se pode ver do Universo...

Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer, porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura...

Pense nisso, e abra as portas e janelas da alma que lhe dão acesso ao infinito...

Redação do Momento Espírita.