As caixas de Deus
Certa noite, um homem teve um sonho. Sonhou que tivera um encontro com Deus e porque o homem se apresentasse muito triste, Deus o presenteou com duas caixas.
Uma delas era de cor preta, envernizada e a outra de cor dourada, com um belo laço de fita.
"Coloque todas as suas tristezas na caixa preta", recomendou o bom Deus. "E as suas alegrias, guarde na caixa dourada."
O homem entendeu Suas palavras e, desde aquele dia, passou a proceder de acordo com a recomendação Divina.
Depois de algum tempo, o homem se surpreendeu porque a caixa dourada ficava cada dia mais pesada e a preta continuava tão leve quanto a noite em que a ganhara de Deus.
Tomado de curiosidade, abriu a caixa preta. Queria descobrir por que estava tão leve, se quase todos os dias ele colocava ali, ao menos, uma pequena tristeza.
Foi então que ele percebeu um buraco na base da caixa, por onde saíam todas as suas tristezas.
Pensou alto, falando com Deus:
"Por que, Pai, Você me deu uma caixa com um buraco e uma caixa inteira, sem nenhum vazamento?"
O bom Pai respondeu de pronto: "Meu filho, a caixa dourada é para você contar suas bênçãos. Por isso é fechada. A caixa preta é para você deixar ir embora todas as suas tristezas."
Diz o provérbio popular que tristezas não resgatam dívidas. É verdade. Mais do que isso, guardar tristezas é extremamente prejudicial à vida.
A tristeza é má conselheira, porque empana a visão mental de quem lhe sofre a presença e lhe perturba o discernimento.
A presença da tristeza produz emoções de sofrimento, que devem ser vencidas a esforço de renovação, a fim de que não se transformem em amargura ou desinteresse pela existência física.
No concerto harmonioso da Criação tudo convida à alegria. Flora e fauna são um poema de maravilhosa estrutura exaltando o Criador.
Apesar da Terra ser um planeta de provas e expiações, é também uma escola de campos verdes de infinita beleza, de perfumes no ar e de cascatas que arrebentam cristais nas pedras.
Nesse conjunto, só o homem é triste porque ele pensa, e a insatisfação, o orgulho, o egoísmo, a rebeldia o tornam sombrio, solitário e amargo...
Mas é o mesmo ato de pensar que ergue o homem ao esplendor dos céus, para agradecer o presente da vida no corpo, que lhe proporciona a evolução.
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A tristeza, quando se instala, espalha destruição, não merecendo, portanto, aceitação em nossas vidas.
Coloquemo-la, então, sempre na caixa preta, sem fundo, para não guardá-la de um dia para o outro, nem da manhã para a tarde ou para a noite.
Depositemos, sim, todos os dias, na caixa dourada da nossa existência, as bênçãos com que Deus nos agracia, lembrando que só o ato de existir, já deve ser motivo de alegria, pelas excelentes ocasiões de que dispõe o Espírito para ser plenamente feliz.
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem intitulada As caixas de Deus, sem menção a autor, e no cap. 4 do livro Perfis da vida, pelo Espírito Guaracy Paraná Vieira, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.