Livraria 18 de Abril

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O toque de ouro

   

Conta-se que havia um rei muito rico chamado Midas.

Embora possuísse muitas riquezas, ainda assim não estava satisfeito.

Mantinha seu tesouro guardado em enormes cofres nos subterrâneos do palácio, e passava muitas horas por dia contando e recontando seus preciosos bens.

Tinha também o rei Midas uma filha, seu nome era áurea, a quem ele muito amava e desejava ardentemente transformar na mais rica princesa do mundo.

A pequenina, porém, não se importava com a riqueza do pai.

Ela gostava, em verdade, de seu jardim, das flores e do sol.

Passava a maior parte de seu tempo sozinha, pois seu pai estava sempre ocupado, buscando novas maneiras de conseguir mais e mais ouro, nunca tendo tempo para brincar ou passear com ela.

Um dia, quando o rei Midas encontrava-se sozinho trancado em uma das ricas salas onde costumava admirar suas valiosas jóias, notou a presença de um estranho que lhe sorria.

Surpreso, o rei Midas pôs-se a conversar com o estranho, a fim de descobrir como ele havia conseguido ali entrar.

A conversa, porém, tomou outro rumo e o rei Midas confessou ao estranho que seu maior desejo era ser capaz de transformar em ouro tudo que tocasse.

O estranho disse-lhe, então, que a partir da manhã seguinte seu desejo seria atendido, passando ele a ter o toque do ouro.

Como o estranho desapareceu sem deixar qualquer vestígio, o rei pensou ter sido tomado por alguma alucinação e imaginou como seria maravilhoso se seu sonho tornasse-se realidade.

Na manhã seguinte, quando os primeiros raios de sol invadiram seus aposentos, o rei esticou sua mão e tocou a coberta da cama que subitamente transformou-se em ouro puro.

Maravilhado com aquele prodígio, ele saltou da cama e correu pelo quarto, tocando em tudo o que ali havia.

O manto real, os chinelos, os móveis, tudo virou ouro.

Maravilhado o rei decidiu fazer uma surpresa para a filha e foi até o jardim e tocou todas as flores, transformando-as em ouro, certo de que isso alegraria também a pequenina áurea.

Quando voltou ao quarto percebeu, um tanto contrariado, que não mais conseguia alimentar-se, nem matar sua sede, pois tudo que suas mãos tocavam transformava-se imediatamente em ouro.

Nesse momento, áurea entrou no quarto do pai aos prantos, com uma das suas rosas na mão, dizendo-lhe que todas as suas flores encontravam-se naquele estado: sem vida,duras e feias, que não mais se podia sentir-lhes o perfume, nem mesmo a maciez das pétalas.

Ao notar a preocupação que tomou o semblante do pai, ela aproximou-se lentamente e o envolveu em um carinhoso abraço.

No mesmo instante, o rei Midas soltou um grito de pavor.

Ao tocá-lo o lindo rostinho da filha transformou-se em ouro brilhante, os olhos não mais viam, tampouco os lábios conseguiam beijá-lo.

Ela havia deixado de ser uma adorável e carinhosa menina para transformar-se em uma estatueta de ouro.

Desesperado, o poderoso rei, ciente de sua desdita, jogou-se ao chão percebendo que havia perdido o único bem que lhe era realmente importante.

Pense nisso!

Também nós, em inúmeras ocasiões, deixamo-nos levar pelas ilusões e pelos convites sedutores do mundo, desperdiçando nossas verdadeiras riquezas, nossos reais tesouros.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no Livro das Virtudes, de William J. Bennet, pp. 37/40.