Livraria 18 de Abril

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O amor perfeito

   

Ele era um amante da natureza. Por este motivo, adquiriu uma grande porção de terra, contratou jardineiros e decidiu instalar um maravilhoso jardim.

Em sua mente, idealizou flores em meio a lençóis de verdura e árvores exóticas. Romântico, imaginou cores variadas em ramalhetes perfumados, ao lado de árvores grandes e pequenas, com flores e frutos em abundância.

Não mediu esforços, nem recursos. Consultou entendidos de toda sorte, pois desejava que o seu jardim se tornasse um lugar extremamente agradável, onde as pessoas pudessem respirar ar puro, perfume e ficassem felizes com a beleza.

Esperava que artistas nele se inspirassem para criar obras lindíssimas e que os poetas nele encontrassem inspiração para versos imortais.

Transcorrido o tempo, foi visitar o jardim, cogitando de como seria o dia em que pudesse ofertá-lo ao público.

Qual não foi a sua surpresa, ao descobrir que as flores não haviam florescido, nem as árvores frutificado. Tudo parecia dormir, como num encantado conto de fadas.

Arbustos, árvores e flores definhavam e pareciam morrer. Foi então que, indagando das causas, o carvalho disse que estava morrendo porque não podia ser tão majestoso e alto quanto o pinheiro.

Já o pinheiro murchava porque não conseguia dar uvas como a parreira e esta se mostrava encolhida e triste, por não poder desabrochar como a roseira.

Todos tendiam a invejar o porte, a esbeltez, a beleza do outro ou a sua capacidade de florir ou frutificar.

Em meio a tanta lamentação, o homem descobriu, no entanto, uma planta florida e viçosa. Era o amor-perfeito, que lhe disse:

Supus que, quando fui plantado, você queria um amor-perfeito. Se quisesse uma pereira, um carvalho ou um pequeno arbusto os teria plantado.

Então, pensei que se não posso ser ninguém além de eu mesmo, tentarei ser o que sou da melhor maneira possível.

Crescer e florescer onde Deus nos colocou é medida de sabedoria.

Cada um reconhecer que tem seu próprio valor e um especial papel no jardim imenso que é a Terra que o Pai nos concedeu para nosso crescimento, é norma de felicidade.

Descobrir seu potencial e sentir-se feliz em realizar o que sabe, o que pode, onde está, deve se constituir sempre motivo de alegrias.

É bom pensarmos que não existe, em todo o Universo, outra criatura igual a nós. Cada indivíduo é único.

Ninguém que tenha o nosso idêntico tom de voz, a nossa vibração, o exato ponto da nossa emoção e sensibilidade.

Ninguém que possa fazer o que podemos e devemos fazer, porque cada um é um ser especialmente concebido por Deus, para atuar no concerto da criação, exalando o seu perfume, ofertando os seus frutos e felicitando as criaturas.

* * *

Mesmo no deserto florescem espécies de flores para atender o viajor necessitado, demonstrando que Deus atenta para detalhes e tudo dispõe no lugar devido.

À semelhança das plantas do deserto, ofertemos à vida o que de melhor tenhamos, onde nos situemos, mesmo que nos sintamos em pleno deserto de corações que nos amem ou que se recordem de nos gratificar com sua atenção.

Redação do Momento Espírita, com base em artigo intitulado Amor-perfeito, publicado na Revista Seleções Reader’s Digest, de janeiro de 1999. Em 16.02.2009.