As rosas do infinito
Em deslumbrante paisagem das esferas superiores do mundo espiritual, realizava-se singular exposição.
A paisagem exuberante fora carinhosamente preparada para a ocasião.
Flores de todos os tipos enfeitavam o ambiente numa festa de cores e perfumes.
Diversos mensageiros ali se apresentavam, trazendo os buquês de flores, das suas virtudes, para uma importante avaliação de méritos.
Os exemplares eram colocados, cada um a seu tempo, sobre uma toalha de linho translúcido para que pudesse se processar a análise das luzes que os coroavam.
O primeiro grupo se aproximou trazendo uma braçada de rosas, tecidas com as emoções do carinho materno que, lançadas sobre a toalha expediram suaves irradiações de azul indefinível, e os anjos abençoaram o devotamento das mães, que preservam os tesouros de Deus, na posição de heroínas desconhecidas.
Em seguida, alegre comissão juvenil trouxe para exame um delicado ramalhete de açucenas, estruturadas nos sonhos e esperanças dos jovens que sabem manter fidelidade ao Criador, e raios verdes de brilho intraduzível se projetaram em todas as direções.
Logo após, lindas crianças foram portadoras de formosa auréola de jasmins, nascidos da ternura infantil, e que, depostos sobre a toalha, emitiram alvíssima luz, semelhante a fios de aurora sobre a neve.
Depois, pequeno agrupamento de criaturas iluminadas trouxe bela grinalda de cravos rubros, colhidos na renunciação dos sábios e dos heróis a serviço da humanidade, que exteriorizaram filigranas de luz avermelhada, quais se fossem rubis etéreos.
Em último lugar, compareceu a mais humilde comissão da festa.
Quatro almas, revelando características de extrema simplicidade, surgiram com um ramo singelo e triste. Eram rosas mirradas, de cor arroxeada, mostrando manchas esbranquiçadas ao longo de hastes espinhosas.
Depostas sobre a toalha, inflamaram-se de luz brilhante a irradiar-se do recinto até a imensidão dos céus.
Inesperada comoção encheu de lágrimas os olhos espantados da enorme assembléia.
E porque alguns dos presentes chorassem com interrogações imanifestas, o grande juiz da exposição esclareceu emocionado:
- Estas flores são as rosas de amor que raros trabalhadores do bem cultivam nas sombras. São pérolas de sentimento puro, de fraternidade real, da suprema consagração à virtude, do amor incondicional ao próximo.
Somente as almas libertas de todo o egoísmo conseguem servir a Deus, em meio às trevas e ao desespero.
Os espinhos que se destacam nas hastes agressivas simbolizam as dificuldades superadas...
As pétalas roxas significam o arrependimento e a consolação dos que já se transferiram da desolação para a esperança...
E os pontos brancos expressam o pranto silencioso e aflitivo dos heróis anônimos que sabem cultivar flores de virtudes no pântano, e servir sem reclamar...
E, entre cânticos de alegria, as rosas luminosas das virtudes cultivadas em meio ao sofrimentos terrenos, subiram rutilantes ao infinito...
***
As flores mais sublimes para o Céu, nascem na Terra, e são plantadas por criaturas que sabem viver para a vitória do bem.
São cultivadas com o suor do trabalho incessante e com as lágrimas silenciosas do próprio sacrifício.
Redação do Momento Espírita