Há algum tempo, lendo o jornal, algumas frases nos chamaram a atenção. Eram idéias de um escritor afirmando que, quanto mais pessimistas haja, melhor, já que estes é que mudarão o mundo, uma vez que para os otimistas o mundo está ótimo.
De duas, uma: ou o escritor não sabe o significado dos termos pessimismo e otimismo, ou está tentando sofismar.
Pessimismo, segundo os dicionários, é "opinião ou sistema dos que acham tudo péssimo ou de tudo esperam o pior."
Otimismo é o "sistema de julgar tudo o melhor possível; tendência para achar tudo bem."
Ora, em nenhum momento se pode deduzir que o otimista seja um ser passivo, inerte, que nada move para melhorar a situação. O otimista é aquele que percebe que as coisas não estão bem, mas sabe que poderão melhorar, e faz a sua parte.
Já o pessimista, que de tudo espera o pior, não vê à sua frente senão abismos e trevas. Tudo para ele está péssimo e não há nada que se possa fazer para que fique melhor.
Há um desenho animado que retrata muito bem esse tipo. Trata-se de uma hiena, personagem Hardy, da dupla Lippy e Hardy. Ela sempre aparece dizendo: "Oh vida! Oh dia! Oh azar!"
Quando Lippy, o seu companheiro leão, a convida para fazer alguma coisa, Hardy, imediatamente expressa sua posição de derrota dizendo: "isso não vai dar certo!"
O otimista, por sua vez, se percebe que o mar está revolto, que o barco pode naufragar, sempre encontra motivos para continuar lutando, e, geralmente, logra êxito.
Dessa forma, é fácil deduzir que, se alguém pode modificar o mundo para melhor, deve primeiro acreditar que o mundo pode ser melhorado, e esse alguém só pode ser um otimista, jamais um pessimista, que considera o mundo péssimo, caminhando para pior.
Assim sendo, não nos deixemos levar por sofismas que, sem uma análise mais detida, podem parecer verdadeiros.
O otimismo gera entusiasmo, e o entusiasmo é gerador de confiança em si mesmo.
Enquanto o pessimista vê, na semente enterrada no solo, apenas a podridão, o otimista percebe a vida prestes a eclodir.
Enquanto o pessimista senta e observa as sombras que o circundam, o otimista abre as janelas da esperança e vislumbra, adiante, a claridade que logo mais o envolverá.
Enquanto o pessimista entra, em cada crepúsculo, no mesmo cemitério para lastimar a morte, o otimista escala, em cada amanhecer, a cerca de um jardim para aspirar o perfume de novas flores.
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"O otimismo é estímulo para o trabalho, vigor para a luta, saúde para a doença das paisagens espirituais e luz para as densas trevas que se demoram em vitória momentânea."
(As forças morais, de José Ingenieros)