O mais importante

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Foi há três anos. A ex-governadora do estado do Texas assistiu à mãe doente, até o seu estágio terminal.

Acompanhando-a dia a dia, observando como a doença ia minando as forças físicas e preparando aquele corpo para a morte, Ann Richards viu a drástica mudança que sua mãe sofreu.

Era uma mulher que passou sua vida inteira obcecada por cristais lapidados, baixelas de prata, toalhas de renda, porcelanas e jóias, que colecionava com extremo cuidado.

À medida que a doença foi destruindo o seu vigor físico e falando-lhe que a morte se aproximava, tudo aquilo deixou de ser importante. Para ela só importavam agora as visitas, a família e os amigos.

A mudança foi radical. Depois da morte da mãe, Ann Richards resolveu se livrar de todas as antigüidades que mais de uma vez tinham feito com que ela desse mais importância aos objetos do que às pessoas.

Montou um bazar na garagem. Ela mesma comentou que tinha uma quantidade enorme de antigüidades, que podia competir com Jaqueline Onassis.

Num só dia, tudo foi embora. Vendido. E a ex-governadora, conclui: "aprendi que, para dar valor ao presente, preciso me livrar daquilo que me detém. Hoje, não hesito diante de nada."

Nada é mais importante na vida do que as pessoas. As coisas têm o valor que lhes damos. E o valor muda com o tempo e as convenções sociais.

Em tempos antigos, o sal era tão precioso que se pagavam funcionários com ele. De onde, inclusive, surgiu a palavra salário.

Depois, os homens foram convencionando, no transcorrer do tempo a considerar este ou aquele metal mais precioso. De um modo geral, aquele mais raro naquele momento.

Hoje, a preocupação é ter carro do ano, tapetes importados, roupas de grife. E existem pessoas que fazem coleções de objetos, livros, selos, perfumes. O importante é amontoar, ter bastante para mostrar com orgulho, como se fossem troféus conseguidos à custa de grandes esforços.

No entanto, quando a enfermidade chega, quando a solidão machuca, nenhum objeto, por mais precioso, por mais que o prezemos, conseguirá espantar a doença, diminuir a solidão.

São as pessoas com seu carinho, sua ternura, seus gestos simples, traduzindo amizade, ternura, afeição que nos conferem forças para agüentar a dor e para espantar a solidão.

São as pessoas que nos dão calor com seu aperto de mão, seu abraço, sua presença, seu olhar.

São as pessoas que fazem a grande diferença em nossas vidas.

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O afeto é como o sol. Surge silencioso e ilumina tudo com seus raios, espalhando luz e calor.

Ninguém pode viver sem afeto. Pode ser o amor de marido, de mulher, de um irmão.

O carinho de um amigo que se candidata a tutor da nossa vida afetiva. A ternura de alguém com que nos defrontamos na jornada das dores e que nos oferece as flores delicadas de sua atenção.

De tudo que há na terra para se gozar, nada faz mais feliz o homem do que o amor que receba, do amor que compartilhe, do amor que doe.

Fonte: Seleções do Reader´s Digest de junho/2000 - pág. 104