Quatro velas estavam queimando calmamente.
O ambiente estava tão silencioso que se podia ouvir o diálogo entre elas.
A primeira, expandido sua chama, disse: "eu sou a paz. Peregrino pelas estradas do sentimento, buscando morada no coração dos homens.
Viajo pelos campos devastados pelas guerras e canto a minha canção aos ouvidos dos que ainda persistem nas batalhas cruéis.
Penetro os lares e espalho o perfume da minha presença. Devo admitir que apesar da minha luz, as pessoas não têm conseguido me manter acesa."
E, diminuindo sua chama, devagarzinho, apagou-se totalmente.
A segunda, mostrando o colorido da sua chama, falou: "eu me chamo fé.
Tenho me sentido inútil entre os homens. Eles se encontram cheios de tanta tecnologia e conquistas que não me escutam."
"Não querem saber de Deus e das verdades espirituais. Insistentemente, tenho batido às portas da razão humana, demonstrando que sem a minha luz, logo, logo, cairão em trevas densas e sofridas."
Porque eu sou a chama que se apresenta quando o desengano aparece. Sou a luz que brilha na noite da desilusão.
Sou a companheira dos que padecem males sem conta.
Mas, como tenho sido desprezada, não faz sentido eu continuar queimando."
Ao terminar sua fala, um vento bateu levemente sobre ela e ela se apagou.
Baixinho e triste a terceira se manifestou: "eu sou o amor! Não tenho mais forças para queimar. As pessoas me deixam de lado, porque tudo é mais importante do que eu: a carreira, os prazeres, as coisas materiais. Os homens só conseguem enxergar a si próprios, esquecendo até dos que estão à sua volta."
Dito isto, o amor recolheu a sua chama e se apagou.
De repente, entrou uma criança. Olhou as três velas apagadas e falou, espontânea: "Que é isto? Vocês devem ficar acesas e queimar até o fim!"
Foi daí que a quarta vela, que havia permanecido queimando, sem nada dizer, falou: "Não tenha medo, criança. Nem se preocupe. Enquanto a minha chama estiver acesa, podemos acender as outras velas."
Então a criança apanhou a vela da esperança e acendeu novamente as velas da paz, da fé e do amor.
***
A esperança é a virtude através da qual o cristão confia em receber a misericórdia de Deus na terra e a plenitude espiritual após a morte do corpo físico.
A vida, sem a esperança, perde o colorido e as suas elevadas motivações, porque é a esperança que concede forças para enfrentar os desafios e vencer as vicissitudes que surgem a cada passo.
Ninguém consegue viver com alegria sem o concurso da esperança.
Esperança de melhores dias. Esperança de realizações superiores. Esperança de paz. Esperança de fé. Esperança de amor. Esperança de elevação.
Redação do Momento Espírita, a partir de texto de autor não identificado, intitulado :chamas e do livro Momentos de Esperança, Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL, apresentação.