Certa feita, o Doutor Júlio David, nobre facultativo baiano, pediu a um motorista que o levasse urgente para atender a um paciente em determinado bairro da cidade.
O motorista lhe respondeu que não podia, que iria se deitar, pois já era tarde.
O médico insistiu, dizendo que precisava atender a um chamado urgente...
O motorista respondeu insatisfeito:
Estou cansado! Vire-se por aí. O que não falta são veículos...
O doutor insistiu um tanto mais.
Mas é tarde. Estamos perdendo tempo enquanto uma vida se vai diluindo. Seja rápido, leve-me por favor...
Irritado, o motorista arrancou o carro e saiu resmungando:
Ora essa. Era só o que me faltava aparecer. Não levo ninguém. Vou é dormir.
Chegando à casa, que estava em alaridos e expectativas, o motorista mal-humorado defrontou com o filhinho de 5 anos em lamentável convulsão, semiasfixiado.
Sem saber o que fazer, propôs colocá-lo no veículo para conduzi-lo ao Pronto Socorro, quando outro carro estacionou à porta e um médico saltou apressado.
O médico examinou o caso e identificou o grande mal asmático. Aplicou imediatamente uma adrenalina no pequeno, ensejando reação orgânica que lhe permitia conduzir o paciente ao hospital com possibilidades de salvação.
O motorista olhou o venerável senhor e baixou os olhos, envergonhado. Era o médico que ele se negara a trazer há pouco.
O paciente a quem o médico precisava atender, com urgência, era seu próprio filho.
Tantas vezes nos negamos a atender a um pedido que nos é feito porque achamos que não tem nada a ver conosco.
Esquecemos a recomendação de Jesus de fazermos aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem.
Diz-nos o bom senso que devemos fazer o bem sem olhar a quem, e para o praticarmos uma única condição é necessária: a de que alguém precise do nosso auxílio.
Não importa quem seja, que religião professe, a que nível social pertença.
Nada disso importa se levarmos em conta que somos todos filhos do mesmo Pai, do Criador do Universo que a todos nos colocou no mundo para que nos ajudemos mutuamente.
Costumamos dizer com frequência: Que Deus te ajude!
E temos também que nos perguntar:
Como é que Deus vai ajudar as pessoas, senão através das próprias pessoas?
É importante que pensemos nisso. Deus conta conosco, e cada vez que alguém precisar de ajuda, nos questionemos: E se fosse um ente muito caro ao meu coração? Como é que eu gostaria que o tratassem?
Agindo assim, jamais nos arrependeremos e certamente estaremos construindo um mundo bem melhor para todos nós.
* * *
Controla a má vontade e vence as qualidades inferiores.
O que negas a alguém te fará falta, agora ou depois.
Reflexiona, portanto, vigilante, antes de reagir.
Redação do Momento Espírita