Observar a atual situação do mundo por vezes é desanimador.
Em toda parte há violência, desonestidade e sofrimento.
Ante esse contexto, muitas criaturas experimentam o desejo de desvincular-se da vida em sociedade.
A pretexto de manter-se em paz procuram conviver o mínimo possível com seus parentes, vizinhos e colegas de trabalho.
Para justificar-se perante a própria consciência, buscam nas palavras do Cristo embasamento para seu proceder.
Nesse afã, algumas passagens do evangelho são consideradas como incentivo para a criatura desligar-se da realidade que a cerca.
Afirma-se que, como o Reino de Deus não é deste mundo, então o mundo não tem muito valor.
Tendo em vista que a riqueza e os prazeres materiais dificultam o acesso ao Reino dos Céus, o melhor é abdicar deles de vez.
Nessa linha de pensar, afastar-se dos afazeres do mundo parece o caminho da redenção.
Ao longo da história não faltaram congregações religiosas dedicadas à vida contemplativa.
Ocupados em louvar a Deus, seus membros não mantinham contato com os sofredores.
Ocorre que o conjunto da mensagem do Cristo não encoraja o isolamento.
A própria vida do messias demonstra o contrário.
A título de preservar sua paz, Jesus não se furtou de conviver com o povo ignorante.
Ele afirmou textualmente que os sãos não necessitam de médico.
Conviveu com prostitutas, ladrões, ignorantes e desequilibrados de toda ordem.
A todos amou, amparou e esclareceu.
Quem se afirma cristão não pode ignorar a clareza dos exemplos dados pelo Cristo.
Ademais, Jesus afirmou que toda a lei divina resume-se em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
É incoerente amar a Deus acima de tudo, mas desprezar o mundo que ele criou.
O amor ao Criador é revelado por nossas tentativas de entender e respeitar a sua obra.
O papel que nos cabe no concerto da criação é colaborar para que a sociedade em que estamos inseridos se aprimore.
Quem ama a Deus não pode desistir quando o bom combate está apenas começando.
Por outro lado, o amor ao próximo também se insere no resumo das leis divinas feito por Jesus.
Não é possível manifestar esse amor fugindo do semelhante.
Para cumprir a lei divina, impõe-se sejamos solidários uns com os outros.
Quem pode e sabe mais, deve auxiliar e esclarecer.
É necessário que nos amparemos, não que nos evitemos.
Constitui rematado equívoco achar que a preservação da paz implica afastamento dos semelhantes.
A paz pressupõe a consciência tranqüila pelo dever bem cumprido.
Nosso dever é evidenciado pela vida, ao nos colocar em determinado contexto familiar e social.
Conquistamos nosso aprimoramento e a paz vivendo nesse ambiente de forma nobre e pura.
A tarefa do cristão não é fugir do mundo, mas abandonar as ilusões.
O céu não é um local, mas um estado de consciência em harmonia com as leis divinas.
Como a lei divina resume-se no amor, ninguém conquista o paraíso ignorando o sofrimento alheio.
Assim, vivamos no mundo com sabedoria.
Quaisquer que sejam os nossos recursos e talentos, busquemos utilizá-los na construção de um mundo melhor.
Esta é a nossa missão.
Pensemos nisso.
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.