Tentações

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Tentação é uma palavra que traz em si mesma uma idéia temível.

Quase sempre que esse termo é pronunciado nossos gestos são de repulsa.

No entanto, a tentação é o recurso que a sabedoria divina emprega para nos dar o conhecimento de nós mesmos.

Se o dinheiro não nos sugerisse a busca desenfreada do prazer e da satisfação dos sentidos e se não lhe opuséssemos o freio do discernimento, como poderíamos saber que ele deve ser utilizado para a criação das alegrias nobres que nos enriquecem a alma?

Se o mal não nos convidasse algum dia a cultuar-lhe os desequilíbrios e se não lhe resistíssemos aos impulsos, de que maneira aprenderíamos que o bem deve ser incorporado ao nosso campo espiritual para ser usado naturalmente por nós como o ar que respiramos?

Quando somos cegos ou paralíticos já vivemos sob regime de bloqueio transitório entre a força da vida e ninguém pode imaginar, de imediato, o que faríamos da luz ou do movimento, se os tivéssemos ao nosso dispor.

Assim é que ninguém se faz claramente conhecido enquanto está limitado por alguma força natural.

Somente quando a tentação nos encontra aptos a aceitar ou não o seu convite, é que poderemos saber, verdadeiramente, o que já somos, e o que nos cabe fazer.

A filosofia da tentação, é inteiramente baseada em nossos senões morais.

E só seremos tentados naquilo que ainda possa despertar em nós o desejo de aceitar o convite, seja ele qual for.

Jesus nos ensinou a orar e a pedir ao pai que não nos deixe cair em tentação.

A tentação só pode representar perigo em quem encontre pontos de contato. Se já eliminamos de nossa intimidade os possíveis pontos de contato, então não seremos mais tentados, por mais que se apresentem os incentivos.

Achamo-nos todos em evolução e, por conseguinte, sujeitos às tentações que nos chegam diretamente ou por tabela. Cabe a nós saber supera-las para crescer e nos elevar.

Sem as tentações é impossível a tarefa da perfeição. Precisamos delas para saber exatamente em que ponto ainda somos vulneráveis e o que devemos fazer para elimina-lo.

Recordemos o barco e as ondas, necessárias à navegação. Sem as ondas o barco jamais chegaria ao porto. Com o impulso delas ele avança.

As ondas o impulsionam e, às vezes, tentam submergi-lo. Mas o navegador hábil sabe que preciso vara-las sem permitir que entrem na embarcação.

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Fazendo pequenos esforços lograremos vencer em nós mesmo as más tendências que nos levam a resvalar nos despenhadeiros dos vícios e de outros desequilíbrios.

Cruzaremos o mar agitado dos chamamentos menos felizes, sem nos deixar afundar nas ondas deprimentes que tentam nos fazer soçobrar.

Fazendo pequenos esforços, deixaremos de tomar os estreitos e tortuosos caminhos das ilusões, que nos levam aos sofrimentos, para seguir pela larga avenida iluminada que nos conduzirá ao pai, e, por conseguinte, à felicidade suprema que todos almejamos.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro Sol nas almas, cap. 48 O barco e as ondas.