Um pai amoroso, depois de aconselhar várias vezes o filho rabugento e respondão, sem lograr êxito, resolveu chamá-lo para uma conversa.
O filho logo imaginou que sofreria uma repreensão severa, mas não houve nada disso.
O pai muito tranquilo lhe falou:
Eu percebo que você não tem ideia do que é a sua conduta. Mas pensei em algo que poderá lhe mostrar isso muito bem.
É uma brincadeira, mas poderá ajudá-lo a refletir sobre seus atos e sobre as consequências que deles resultam.
Apresentou ao filho uma tábua lisa e bonita e lhe disse:
Veja, meu filho, temos aqui uma tábua nova, lisa e em perfeitas condições. Todas as vezes que você desobedecer ou praticar uma ação indevida, espetarei um prego nela.
Pobre tábua! Em breve tempo estava crivada de pregos!
Mas, a cada vez que o filho ouvia o pai batendo o martelo, sentia um aperto no coração.
Não era só a perda daquela tábua tão bonita, mas também a humilhação que ele mesmo se infringia.
Até que um dia, quando já havia pouco espaço para outros pregos, o garoto se compadeceu da tábua e desejou sinceramente vê-la nova, bonita e polida como era.
Correu para seu pai e falou-lhe do seu desejo e o pai lhe fez outra proposta:
Cada vez que você se comportar bem, em qualquer situação, eu arranco um prego. Vamos experimentar.
Os pregos foram desaparecendo até que, ao fim de certo tempo, não havia nenhum. Mas o menino não ficou contente, pois reparou que a tábua, embora sem os pregos, guardava as marcas deles.
O pai, percebendo a indignação do filho, esclareceu:
É verdade, meu filho, os pregos desapareceram, porém as marcas ficaram, é a culpa.
* * *
Numa singela lição de um pai que prima pela educação do filho, podemos encontrar valiosos ensinamentos para nossas vidas.
Para cada ação que praticamos existe uma reação, com a mesma intensidade, em sentido contrário.
Dessa forma, quando infringimos as Leis Divinas, deixamos marcas indeléveis em nosso ser, que ali permanecerão até que uma nova ação possa repará-las.
Espíritos imortais que somos, trazemos as marcas dos erros e acertos acumulados ao longo dos séculos.
É bem verdade que muitos costumamos olhar somente para os equívocos, entendendo, assim, que somos qual a tábua, crivada de pregos.
No entanto, se temos ainda muitos pregos para arrancar, e sobraram algumas marcas profundas, não é motivo para desanimar ou desistir da luta.
Se hoje o céu está cinzento prenunciando tempestade e destruição, amanhã o sol voltará a brilhar trazendo consigo suave brisa que afastará para longe os dissabores suportados com resignação.
A cada dia, Deus, Criador amoroso, nos oferece uma nova tábua de oportunidade, lisa e bonita. A decisão de marcá-la ou não, cabe a nós.
Se optarmos por agir bem, a tábua nos servirá na construção de um futuro melhor e sem culpa, e essa é a melhor opção.
Meditemos, assim, em torno da cada ato, de cada gesto, de cada decisão que tomamos nos minutos que se desdobram à nossa frente, dia após dia.
E, se vez que outra dermos um passo equivocado sejamos persistentes como as ondas do mar, que fazem de cada recuo um ponto de apoio para um novo avanço!
* * *
Ninguém fugirá ao doloroso trabalho individual de recomposição dos elos quebrados, na corrente universal da harmonia.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A tábua, do livro E, para o resto da vida, de Wallace L.V. Rodrigues, ed. O clarim e no verbete Recomposição, do livro Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Candido Xavier , ed. Feb.