Encontramos nas anotações do Evangelista Mateus, a observação de Jesus: Se teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz.
Jesus, com certeza, não quis dizer que os olhos físicos teriam a possibilidade de transformar o corpo em um foco de claridade, mesmo porque o brilho não é qualidade do corpo físico.
O Mestre Se referia às questões espirituais.
Ver é a condição de observação e análise das coisas que nos cercam que, naturalmente, tem a ver com o nível de maturidade, de progresso em que cada um se encontra.
É assim que, para quem vê as coisas do ângulo imediatista, o delinquente juvenil ou adulto será sempre culpado, merecedor dos castigos da lei humana. Mesmo que o castigo chegue pelas mãos daqueles que se julgam prejudicados.
Para quem tem olhos bons, ou seja, que procura enxergar os fatos pelo lado positivo, o jovem ou o adulto em tal circunstância será sempre a alma que não teve orientação capaz de a libertar das más tendências.
Será o ser que, envenenado pela revolta que lhe causa a injustiça social, não consegue viver com nobreza.
Não que se pretenda aplaudir o erro, mas ver a criatura que erra como alguém carente de educação e amparo, orientação e trabalho, para que se possa renovar.
Para olhos comuns, a mulher que vende o próprio corpo em prazeres e sensações não passa de alguém com marcas da prostituição, merecendo o desprezo.
Para os que possuem bons olhos será a irmã atormentada que se deixa explorar por mentes perturbadas.
Sem pensar em aprovar as práticas erradas, que acabam por destruir os que nelas se envolvem, não podemos deixar de pensar nessas criaturas como carentes de atenção e respeito.
E, se não as pudermos atender com orientação segura, que possam ao menos merecer a suavidade das nossas orações.
Para os olhares comuns, os que se deixaram arrastar para as valas da dependência dos tóxicos são viciados que somente poderão ser detidos por grades em celas de prisão, impedindo que propaguem o mal.
Para os que tenham olhos bons, são os irmãos de jornada que não suportaram conflitos e desejaram fugir deles e de si mesmos, precipitando-se nos poços da dependência química.
Na verdade, o que eles aguardam é o apoio, o amparo para que possam sair dessa loucura, buscando caminhos de reequilíbrio. Esperam por mão amiga. Aguardam o tratamento da medicina, da psicologia e da religião, mesmo que não expressem tal desejo com sua própria voz.
Como vemos, existem olhos que condenam e existem os que auxiliam e cooperam.
Quando nos ajustarmos à seara do amor, do bem e da paz, com olhos de compreensão, mergulharemos na luz, demonstrando que alcançamos um novo estágio de progresso e nos encontramos em marcha para a evolução espiritual, para a conquista do brilho do corpo espiritual, que refletirá nossas virtudes.
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Quando tomarmos conhecimento da ignorância que se encontra em toda parte, permitamos que a luz do entendimento possa espalhar instrução e amparo, a fim de que seja afugentada a sombra que enlouquece a Terra inteira, atormentando muitas almas.
Tão logo a criatura se decida por se deixar conduzir pelas leis do bem, a grande noite terrestre dará lugar às auroras sublimes, anunciadoras dos dias de paz.
Redação do Momento Espírita com base no cap. 20 do livro Cintilação das estrelas, pelo Espírito Camilo, psicografia de J. Raul Teixeira, ed. Fráter e pensamentos finais do cap. 2 (Entre o bem e o mal), do livro Ante o vigor do Espiritismo, por Espíritos diversos, psicografia de J. Raul Teixeira, ed. Fráter.