Há um velho apólogo, divulgado em vários países, e que contém ensinamentos filosóficos enriquecedores.
Conta o dito apólogo, que um homem foi convocado a comparecer no Fórum, para dar solução imediata aos problemas e suspeitas que lhe manchavam a vida. A condenação era quase certa.
Todavia, o cavalheiro, que possuía três amigos, vendo-se em dificuldades, procurou seus três benfeitores, suplicando-lhes proteção e conselhos.
O primeiro falou-lhe com arrogância:
Não posso fazer nada por você, a não ser arranjar uma roupa nova para que compareça bem vestido diante do juiz.
Muito preocupado, disse-lhe o segundo amigo:
Embora goste muito de você, nada mais posso fazer a não ser acompanhá-lo até à porta do tribunal.
O terceiro, porém, afirmou-lhe com humildade:
Irei com você e falarei em sua defesa.
E assim fez o terceiro amigo. Estendeu-lhe os braços, amparou-o em todos os momentos da luta e falou com tanta segurança e com tanta eloqüência em benefício dele, diante da justiça, que o mísero suspeito foi absolvido com a aprovação dos próprios acusadores.
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Neste apólogo, temos a nossa própria história frente à morte.
Todos nós, diante do sepulcro, somos convocados a comparecer ante o tribunal da consciência. Teremos que prestar contas à contabilidade divina.
E todos recorremos àqueles que nos protegem.
O primeiro amigo, o doador de trajes novos, é o dinheiro que nos garante o sepultamento.
O segundo, aquele que nos acompanha até a porta do tribunal, é o mundo, representado na pessoa dos nossos parentes ou na presença das nossas afeições mais queridas que, com pesar, nos seguem até a beira do túmulo.
O terceiro, contudo, é o bem que praticamos, a transformar-se em gênio tutelar de nossos destinos.
Falando em nós e por nós, diante da justiça, consegue mais amplas oportunidades de serviço, ou o nosso passaporte para esferas mais felizes.
E, assim como o bem que praticamos abre as portas da felicidade, igualmente as más ações depõem contra nós, enclausurando-nos aos sofrimentos, retendo-nos junto aos círculos pesados das sombras.
Percebemos, então, a grandeza da Justiça Divina a se concretizar no ensino do Mestre de Nazaré:
Cada um receberá conforme suas obras.
Atendamos assim ao bem, onde estivermos, agora, hoje, amanhã e sempre, na certeza de que o bem que realizamos é a única luz do caminho infinito que jamais se apagará.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 32, Pelo Espírito André Luiz, do livro Vozes do Grande Além, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.