Lendo acerca da História da Grécia, um fato nos chama a atenção: o de que Esparta foi a única cidade grega que nada legou para a Humanidade. Nenhum poeta, nenhum matemático, nem mesmo uma ruína.
O espanto, na verdade, não é somente nosso. Também o tiveram pessoas de Ciência e do âmbito das artes.
Como é que essa gente que era grega, vivia entre os gregos, o povo mais inteligente da Terra, que criou e desenvolveu a Ciência, que concebeu a democracia, nada tenha legado para a posteridade?
Os geneticistas elegem duas hipóteses, tentando responder a questão.
A primeira é de que matando os filhos julgados incapazes, os espartanos tenham exterminado ao mesmo tempo os seus futuros poetas, músicos, arquitetos.
A segunda hipótese é de que a sabedoria e a inteligência dos espartanos era tão inferior que eles não tiveram a prudência de proteger os seus próprios filhos.
A respeito deles, falou o geneticista francês, em discurso realizado no Congresso Nacional em Brasília, em 1991: Uma população que mata seus filhos e mata sua alma não deixa nada para a Humanidade.
O assunto é importante de ser meditado, reflexionado. Especialmente nos dias que estamos vivendo, em que se cogita a legalização do abortamento em nosso país.
Infelizmente, tal cogitação tem encontrado eco em muitos corações. Há os que defendem com ardor o abortamento eugênico.
Sem se falar no triste desastre que foi o da tentativa de Hitler da seleção da raça humana, é bom se cogitar se um feto com má formação é ou não um ser humano.
Que direito temos de tirar o seu direito de viver? Talvez digamos que ele não será produtivo, nem útil à sociedade. Ao contrário, um peso. Será mesmo?
Nesse particular, nos permitimos reproduzir as palavras do escritor holandês Cristhofer Nolan. Ele é deficiente físico. Paralítico de nascimento.
Em fevereiro de 1988, ao receber o prêmio por seu livro Sob o olhar do relógio, fez um protesto contra os abortamentos que se fazem com futuros deficientes físicos.
Disse ele: Esta noite é o momento mais feliz da minha vida. Imaginem o que teria perdido se os médicos não me tivessem salvo há 22 anos.
Por que, em vez de dar a possibilidade de viver a uma criança no ventre materno, se lhe impõe o silêncio, antes que possa respirar um pouco de ar puro neste mundo?
E se dissermos que seria desumano impor a pais que anseiam por um filho normal, um que seja anormal, temos a considerar aqueles que têm filhos deficientes e os amam, de forma extremada.
O direito de viver é de toda criatura humana, desde a sua concepção. Esse direito de forma alguma pode estar submetido à opinião de quem quer que seja.
É um mandamento, uma determinação da própria vontade Divina. Matar, pois, nunca. Nem mesmo o ainda embrião porque na primeira célula, o óvulo fertilizado, existe um ser humano.
Redação do Momento Espírita com base em artigo publicado na revista Presença espírita, edição de maio/junho 1996, ed. Leal.