Tudo aconteceu no século XVIII. Ano de 1769.
Na grande fazenda, na Casa Grande, uma jovem extremamente bela planejava algo terrível.
Ela descobrira que seu noivo começara olhar de forma mais demorada para sua prima, Tereza Cristina.
Mas, pensava ela, de modo algum, Tereza Cristina me tirará o noivo, que é meu, só meu.
Seus sonhos de moça apaixonada não seriam destruídos pela prima.
Maria Amélia pensou muito durante toda a noite. No dia seguinte marcou um passeio a cavalo com Tereza Cristina.
Lembrou-se que, às margens do rio, havia abelhas mortíferas que, dias antes, tinham acabado com dois bois desprevenidos.
Era só colocar a prima ao alcance delas.
Mas como?
Surgiu então o plano. Assustar-lhe o cavalo, no local mais próximo às abelhas. A outra nada sabia a respeito da região perigosa. Maria Amélia dispararia a arma entre as patas do animal que, com certeza, a jogaria ao chão.
Depois, ela mesma se retiraria do local e pronto... tudo terminaria.
No dia seguinte, saíram as duas a passear. Quando se aproximaram da zona perigosa, Maria Amélia disparou a arma. O cavalo de Tereza Cristina empinou. A jovem caiu com um grito de dor.
Maria Amélia pôde ouvir o zumbido ameaçador das abelhas chegando. Golpeou seu próprio animal, afugentou a outra montaria e se afastou bem depressa.
De longe, pôde ouvir os gritos de Tereza Cristina sendo atacada pelas abelhas terríveis.
Mais tarde, o corpo da jovem foi encontrado. Estava deformado. Tudo pareceu um infeliz acidente.
O tiro que Maria Amélia disparou ninguém ouvira. Todos acreditaram que ela escapara, por milagre, e sua prima não tivera a mesma sorte.
* * *
O tempo passou. Duzentos anos depois, no ano de 1969, na cidade de Uberaba, em Minas Gerais, os jornais traziam uma manchete: Abelhas voltam a atacar. Moça morre em um piquenique.
A notícia esclarecia que várias moças, reunidas em um piquenique, às margens de um riacho, tinham sido atacadas por abelhas ferozes.
Uma delas, a mais atingida, morrera num dos hospitais da cidade, enquanto era atendida pelos médicos.
Era Maria Amélia reencarnada. A Justiça Divina a alcançava agora, para resgatar sua dívida.
Sem necessidade de que ninguém servisse de intermediário, nem se tornasse seu algoz ou seu carrasco.
O povo diz que a justiça de Deus tarda, mas não falha. Na verdade, ela nunca chega tarde.
Chega sempre no tempo exato. No momento em que o Espírito, consciente dos erros que praticou, se dispõe ao resgate.
Realmente, nunca falha e jamais atinge pessoas inocentes. Nunca cobra além do que a pessoa deve.
Deus, que é justiça, é também misericórdia.
* * *
Se estamos sofrendo dores físicas ou morais, pensemos que chegou o nosso momento do reajuste.
Ninguém padece sendo inocente. Ninguém colhe o que não semeou.
Ajustemo-nos, assim, à Lei, sofrendo sem reclamar, com dignidade. Sem revolta e sem comodismo, porque as almas vencedoras são as que vencem a luta, por combaterem o bom combate até o fim.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 33 do livro Histórias da vida, pelos Espíritos Hilário Silva e Valerium, psicografia de Antonio Baduy Filho, ed. Ide.