Jesus havia proferido o maravilhoso Sermão da Montanha há apenas um dia. As frases ecoavam no ar, e aqueles que O ouviram ainda vivenciavam as vibrações especiais daquele momento.
Em Cafarnaum, um homem nobre, chamado Bartolomeu acercou-se de Jesus. As belas palavras proferidas significaram para ele um verdadeiro estatuto de conduta, e ele buscou o Mestre com uma grande dúvida.
Queria saber quais os piores adversários do ser humano. Perguntou quando se travaria a batalha contra esses inimigos e quais as armas a serem usadas.
Jesus, cheio de compaixão, respondeu: Eu te direi que esses inimigos se encontram dentro de cada um, e ali trabalham pela infelicidade do ser.
Todos os indivíduos apontam esses inimigos fora deles mesmos, supondo que as aflições vêm de fora, de outras pessoas, e então, tornam-se rebeldes e vingativos.
O mais impiedoso de todos os inimigos é o egoísmo, devorador de alegrias alheias. Há também a avareza, a inveja, a maledicência, o ódio, o ciúme, a ambição desmedida, o ressentimento.
E concluiu: A luta para vencer esses inimigos deve ser travada no campo da consciência, transformando as tendências inferiores, adotando uma conduta rica em misericórdia , compaixão, fraternidade e caridade.
Nada mais precisava ser dito. Bartolomeu entendeu quais eram os grandes adversários do ser humano, e como poderiam ser combatidos.
* * *
Passados mais de dois mil anos, as palavras do Mestre continuam tão atuais como outrora.
Muitos de nós ainda têm o hábito de responsabilizar o mundo externo por grande parte do que acontece de errado, consigo ou com outros, sem parar para analisar as reais causas.
Julgamos os conflitos armados sob a ótica que nos parece mais adequada, tomando este ou aquele partido.
No entanto, quase nunca paramos para pensar que o mesmo ódio, a mesma ganância, o mesmo ressentimento que originou esse conflito, muitas vezes vive em nós, com diferentes causas e consequências, mas com a mesma paixão.
Falamos sobre a violência urbana, e sempre temos uma solução para ela. Mas esquecemos que nossa indiferença gera a necessidade, e até o ódio daquele que rouba.
Falamos sobre a corrupção, como se ela fosse exclusiva daqueles que detêm o poder. Mas esquecemos que a ambição desmedida que a gera, muitas vezes vive dentro de nós, mesmo que em menores proporções.
Comentamos sobre famílias desfeitas por egoísmo, e achamos que o nosso próprio egoísmo é justificável pois, afinal, temos as nossas necessidades.
Adiamos, quase sempre, o início de um trabalho voluntário, com a desculpa de não termos tempo, e nos esquecemos de desenvolver em nós a caridade, a fraternidade, a compaixão, o real amor ao próximo.
Nossos piores inimigos estão em nós mesmos, como disse Jesus, e já é tempo de os reconhecermos. Somente assim poderemos travar nossa batalha pessoal contra eles, na qual a principal arma é o amor.
O Sermão da Montanha é um verdadeiro chamamento feito por Jesus que, desde então, espera pacientemente que O escutemos.
E você? Já O escutou de verdade? Já leu com atenção aquelas belas palavras? Já abriu os ouvidos e o coração em busca da única vitória que realmente interessa: a vitória sobre nós mesmos e nossas imperfeições morais?
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita com base no cap. 6, do livro A mensagem do Amor Imortal, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.