Você já participou de algum duelo?
A pergunta parece um tanto fora de época, considerando-se como duelo a luta entre duas pessoas, com armas iguais, com o propósito de lavar a alma com o sangue do semelhante.
Sabemos que esse tipo de prática teve seu tempo, mas atualmente já foi banido da legislação dos países civilizados.
Todavia, se considerarmos o duelo como qualquer forma de combate, de desafio, duelo de idéias e entre tendências opostas, nossa pergunta tem muita atualidade.
Dizemos isto porque se fizermos uma análise mais profunda dos nossos pensamentos e atos, perceberemos que o duelo ainda faz parte do nosso dia-a-dia.
Quando queremos impor nossas idéias a qualquer custo, não respeitando a opinião dos outros, somos o protótipo do duelista, que quer vencer por força, mesmo que a arma empregada sejam as suas idéias.
Nas ocasiões em que nos reunimos para discutir e resolver problemas nem sempre estamos desarmados, e a maioria das vezes, fazemos do momento um campo de batalha.
Ao invés de haver harmonia com vistas a solucionar problemas, somando forças, colocamo-nos em posição de defesa e nos prevenimos para o ataque a qualquer momento.
Isso acontece até mesmo portas adentro dos lares. Quando o diálogo entre os familiares deveria ser fraterno e caloroso, os ânimos se inflamam e quase sempre acontece o enfrentamento, a disputa.
Uma outra forma de duelo é o da sonegação de informações, quando vemos no companheiro um adversário que poderá roubar o nosso cargo, a nossa posição, que julgamos mais importante para a empresa.
Ao invés de somarmos esforços para o bem geral, queremos deter mais cartas na manga para, no caso de uma avaliação do patrão, sejamos nós os escolhidos.
No duelo das aparências, então, as pessoas compram o que não precisam com o dinheiro que não têm, para exibir uma posição de aparente vantagem sobre quem consideram um concorrente.
Analisando sob esses e outros tantos aspectos, se nos perguntassem se já participamos de algum duelo, certamente a maioria de nós responderia que vive um duelo constante.
E o que impede a mudança dessa situação desastrosa é a cortina do eu, que se interpõe entre nós e a comunidade da qual fazemos parte.
É o alto muro do egoísmo que se coloca entre o egoísta e os interesses comuns.
É o espelho do orgulho que reflete somente a vontade do orgulhoso, mantendo-o numa atitude narcisista e caprichosa, pensando em ser sempre o melhor dos melhores, aquele que sempre leva vantagem, diz a última palavra.
Enfim, é o primeiro a sacar a arma e a abater seu adversário que, em realidade, é seu irmão, desejoso de uma oportunidade de crescer para Deus.
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Em todos os passos da luta humana, encontramos a virtude rodeada de vícios e o conhecimento dignificante sufocado pelos espinhos da ignorância, porque, infelizmente, cada um de nós, de modo geral, vive a procura do "eu mesmo".
Redação do Momento Espírita, com pensamento final extraído do cap. 101, do livro Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia deFrancisco Cândido Xavier, ed. Feb.