Você, com certeza, deve ter ido almoçar ou jantar em casa de amigos, muitas vezes.
Se hoje alguém lhe perguntasse, qual desses momentos foi inesquecível, você lembraria?
Pois quando a pergunta foi feita para uma jornalista chinesa, de imediato ela recordou da refeição mais memorável de sua vida.
Ela fora enviada a uma aldeia, em uma viagem jornalística, para apresentar os camponeses esquecidos.
Foi designada para ficar com uma família uma noite. Um casal com três filhos.
Eles tinham duas galinhas e todos os dias trocavam dois ovos por um pouco de arroz, farinha, óleo e algumas verduras.
É claro que não estavam em condições de alimentar um hóspede. Assim, a jornalista se preparou para passar fome, pois seria melhor do que comer da pouca comida que eles tinham.
A casa tinha paredes de barro e telhado de palha. A dona da casa lhe mostrou uma prancha de madeira, a cama que ela deveria partilhar, naquela noite, com as meninas de 7, 5 e dois anos e meio.
As crianças ficaram muito agitadas. Abriram a bolsa da jornalista, tiraram tudo de dentro e a crivaram de perguntas:
O que era um creme facial? Para que servia um lenço? O que se coloca dentro de uma frasqueira?
A dona da casa gritou lá do quintal: Hora do jantar.
Pela casa escura, foram as meninas e a jornalista, até a cozinha.
As pequenas aplaudiram o que viram. A jornalista ficou petrificada: sobre a pequena mesa quebrada estava uma galinha assada.
Por que você matou sua galinha? Por favor, não diga que foi por minha causa.
A mulher não tinha meias palavras. A vida a tornara dura, seca.
É claro que foi por sua causa! Você veio de longe e é nossa hóspede.
Apenas coma: não temos outra coisa para lhe dar.
A dona da casa se manteve fria, não sorriu, mas a jornalista ficou comovida com sua bondade.
Haveria, pensou, em algum outro lugar do mundo alguém que oferecesse metade dos seus bens terrenos a um convidado, para o jantar?
Foi uma refeição inesquecível. Uma experiência inigualável.
Com gratidão, quatro anos depois, ela voltou para visitar a família. Eles haviam enriquecido, graças à nova política da China.
E a família também demonstrou a sua gratidão por sua visita: deu-lhe, de presente, vinte galinhas e cem ovos.
* * *
A próxima vez que você fizer uma refeição em casa de um amigo, pense em como ele se esmerou para o receber.
Pense no tempo que ele dedicou a elaborar o cardápio, escolhendo o que mais agradasse a você.
Atente para a mesa bem posta, os detalhes aqui e acolá e seja grato.
Não reclame se um pequeno senão ocorrer, como a carne não estar tão bem passada quanto você aprecia. Ou se ao molho faltou uma pitada de algo mais.
Lembre que você foi convidado, aguardado, bem recebido e manifeste a sua gratidão.
Redação do Momento Espírita com base no cap. Um par de galinhas inesquecíveis reforçou minha fé na bondade humana, do livro O que os chineses não comem, de Xinran, ed. Companhia das letras.