Determinada reportagem televisiva nos deu ciência de que, em enquete realizada junto a adolescentes de populosa capital do nosso país, 51% deles revelaram que seu maior temor é a morte.
Ao ouvirmos o resultado da pesquisa, de imediato nos pusemos a pensar acerca do quanto necessitam de orientação religiosa os nossos jovens.
Porque o que dá causa ao medo da morte é o receio da destruição total, decorrente da noção equivocada acerca da vida futura.
À proporção que o homem compreende melhor o que o espera para além da tumba, o temor da morte diminui. Arrefece, até desaparecer.
Ciente de que a vida terrena é transitória e de que o aguarda outra vida, vibrante, verdadeira, após o decesso físico, com tranqüilidade enfrentará a morte.
A certeza da vida futura lhe dá outro curso às idéias. Outro objetivo ao trabalho.
Tudo o que oferece o mundo material é considerado como oportunidade de progresso, de experiência. As coisas materiais são bens de que deve se utilizar, com sabedoria, consciente de que não os levará consigo.
A certeza de que, após a morte, poderá reencontrar seus amigos, reatar relações que teve na Terra e de que o fruto do seu trabalho não se perde, confere ao ser humano calma para o momento da morte.
Afinal, ela não é uma megera que vem destruir a felicidade, ceifando a vida mais preciosa, o ser mais amado, numa sistemática de puro prazer.
É, sim, dentro da Lei de Destruição, Lei instituída pela Divindade que opera com sabedoria a sua ação.
Reeducarmo-nos e educarmos os nossos filhos se faz urgente. Desde cedo, ensinar aos pequenos que a morte não existe, senão no tocante ao físico.
Que ninguém morre, senão na roupagem carnal. O Espírito imortal prossegue a viver, como antes de renascer, vivia na espiritualidade e já enfrentou outras tantas vidas na carne.
Também preciso se faz que passemos a enfrentar a circunstância da morte de forma diversa.
Até os dias da atualidade, a passagem da Terra para a Espiritualidade é rodeada de cerimônias lúgubres, que verdadeiramente infundem terror.
Os emblemas da morte lembram somente a destruição do corpo, mostrando-o descarnado.
A partida dos seres para o outro mundo se faz acompanhar de lamentos dos sobreviventes, como se morrer fosse uma desgraça.
As despedidas são de adeuses eternos.
É necessário mudar toda essa panorâmica.
Em vez de recordar a destruição do corpo, mostrar a alma se desembaraçando, radiosa, dos grilhões terrestres.
No lugar das lamentações e dos adeuses, a saudação de quem sabe que logo mais também realizará a grande viagem.
E, por isso, simplesmente diz: Até breve. Até logo!
Sem dúvida, muito tempo será preciso para o homem se desfazer desses preconceitos acerca da morte.
No entanto, há que se começar a educação, pois que à medida que se conceber uma idéia mais sensata da vida espiritual, desaparecerão os temores.
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Os homens verdadeiramente sábios não temem a morte.
Fartos exemplos encontramos em Gandhi, que se deixou imolar em nome da não violência.
De Francisco de Assis que afirmou continuar a trabalhar em seu jardim, mesmo se soubesse que algumas horas após morreria.
O maior exemplo foi o Cristo que nos ensinou a morrer com dignidade. Na hora final, suas palavras foram: Pai, em Tuas mãos, entrego o Meu Espírito.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2, pt. 2, do livro O céu e o inferno, de Allan Kardec, ed. Feb.