Muitas pessoas demonstram descontentamento com o meio em que habitam.
Afirmam-se sem afinidade com os parentes.
Não apreciam os colegas de trabalho.
Encontram apenas defeitos nos vizinhos.
Abominam o caráter e o comportamento dos habitantes de seu país.
De forma gradual, procuram afastar-se do convívio familiar e social.
Surpreendentemente, muitos dos que assim agem se dizem cristãos.
Encantados com a figura e a mensagem do Cristo, sonham com um mundo perfeito.
Contudo, esquecem que Jesus deixou por supremo mandamento o amor.
É impossível, ao mesmo tempo, amar e desprezar.
No contexto da mensagem cristã, o amor não é necessária e imediatamente um sentimento.
Afinal, é difícil demonstrar arroubos de ternura por um inimigo, por alguém que nos deseja o mal.
Mas é sempre possível agir corretamente com todas as pessoas.
Tratá-las como gostaríamos de ser tratados, se estivéssemos no lugar delas.
Assim, embora o comportamento de alguns companheiros não nos agrade, devemos ser sempre corretos com eles.
Essa correção de atitude implica auxiliá-los em suas dificuldades, da espécie que sejam.
É bom que já anelemos por uma sociedade mais pura.
Constitui um sinal de progresso nosso desgosto com ambientes e hábitos corrompidos.
Mas isso não é razão para desprezarmos os irmãos de jornada.
Se desejamos a união com o Cristo, precisamos lembrar que ele jamais desampara a Humanidade.
Em certa passagem do Evangelho, o Mestre foi explícito ao afirmar que nenhuma de suas ovelhas se perderia.
Se a luz da consciência já brilha forte em nós, auxiliemos na transformação do mundo em que vivemos.
A Providência Divina nos colocou no ambiente em que mais úteis podemos ser.
Não convém hesitar quando o bom combate apenas começa.
Por séculos, em inúmeras encarnações, a ignorância imperou em nossos atos.
É um conforto perceber que finalmente reunimos condições de laborar no bem.
Regozijemo-nos com isso e partilhemos nossos tesouros materiais e espirituais.
Todos os homens são irmãos.
O cristão não pode fugir dos semelhantes.
Ele necessita ser um fator de luz e de paz nos meios em que se movimenta.
A mensagem cristã não constitui um convite ao afastamento da Humanidade.
Ser cristão não implica a busca de uma santidade artificial e contemplativa.
Ao contrário, esse estado de consciência exige trabalho ativo na transformação do mal em bem.
Os exemplos de Jesus foram muito claros nesse sentido.
Ele não Se furtou de conviver com mulheres equivocadas e ladrões, a título de preservar a própria pureza.
O Cristo jamais fugiu do contato com os discípulos.
Esses é que O abandonaram na hora do extremo testemunho.
O Mestre não Se afastou dos homens.
Os homens é que O expulsaram de seu convívio pela crucificação dolorosa.
Não sejamos nós, em nossa imperfeição, a evitar o contato com o próximo.
Se desejamos a paz do Cristo, é natural pedirmos a Ele que nos liberte do mal.
Mas não é legítimo rogarmos que nos afaste dos locais de luta.
Com o Mestre, devemos aprender a conformar nossa vontade com os propósitos Divinos.
A encontrar prazer em ser um fator de paz e progresso.
A cooperar alegremente na execução da vontade celeste, quando, como e onde for necessário.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no capítulo 57 do livro Vinha de luz, do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.