Quando os cabelos nevados lhe aureolarem a face...
Quando os dias se fizerem frios, porque a gélida solidão faz presença ao seu lado...
Quando seus dias se fizerem de insistente saudade, você lembrará...
Lembrará das tardes quentes, quando levava a passear os pequenos e havia risos de alegria, lambuzeira de sorvete e pipocas espalhadas pelo carro.
Recordará das brincadeiras dos meninos, usando a mangueira do jardim para se molharem uns aos outros, em vez de regar as plantas.
Lembrará de sua voz recomendando menos bagunça, economia de água, de energia elétrica...
Lembrará das mãos pequeninas que mexiam em sua orelha, enquanto os olhinhos tentavam se fechar, entregando-se ao sono.
Lembrará do ursinho de pelúcia, de olhos grandes, deixado no banco de trás de seu carro, acompanhando-o em viagem de negócios, em visitas a clientes.
O ursinho que ficava ali, sempre à disposição, aguardando o retorno de seu dono, ao final do dia.
Lembrará das vozes perguntando: Pai, você me ergue? Não estou vendo nada daqui. Eu sou muito pequeno.
Você me carrega? Tô cansado.
Mami, você me gosta?
Lembrará do lanche da tarde, das visitas inesperadas portando sorrisos e flores; das festas surpresas nos aniversários; das cartas que chegavam com perfume de lembrei de você; das viagens com os amigos; dos amores, dos afagos, das lágrimas de emoção e contentamento.
Você lembrará...
Tudo passará no caleidoscópio das memórias, trazendo-lhe ao coração ternura e saudade.
* * *
Pense nisso, nos dias que vive e aproveite ao máximo o alimento do afeto, da presença, da alegria.
Mantenha a aparência jovial, embora o tempo teime em lhe colocar fios de prata nos cabelos bastos e arabescos na face.
Conserve o sorriso espontâneo e claro, mesmo que a alma esteja em trajes de luto.
Memorize os momentos felizes e arquive tudo no canto mais privilegiado de sua mente.
Não esqueça nenhum detalhe: o dia cheio de luz ou a chuva insistente; as roupas coloridas, o boné levado pelo vento; os risos, o machucado, o aconchego dos pequenos em seu colo; o adormecer cansado em seus braços, após as horas de corrida e travessuras pelo parque; o cheirinho de bebê, o perfume do xampu, os cabelos escovados ou despenteados, rebeldes, jogados aos ombros.
Observe tudo. Grave tudo. Um dia, quando a solidão se sentar ao seu lado, esses detalhes, essas pequenas-grandes coisas lhe farão companhia.
Você as retirará, uma a uma, do baú de memórias e alimentará as suas horas, para continuar a ser feliz, como hoje o é.
E talvez nem se dê conta do quanto é feliz.
Preparando a felicidade do seu amanhã, você acabará por descobrir, ainda hoje, o quanto é feliz.
Pense nisso... E aja agora.
Redação do Momento Espírita.