Em certa passagem do Evangelho, Jesus afirma:
"Bem-aventurados os pobres de espírito, pois deles é o reino dos céus".
Esta afirmativa evangélica costuma ser mal compreendida.
Imagina-se que pobre de espírito é o simplório ou ignorante.
Assim, o melhor modo de garantir o céu seria permanecer na ignorância.
O desenvolvimento intelectual poderia trazer prejuízo para a redenção espiritual.
O candidato à felicidade futura faria bem em continuar tosco e iletrado.
Contudo, essa linha de raciocínio conflita com o conjunto dos ensinamentos do Cristo.
Muitas outras passagens elucidam a importância de colaborar na construção de um mundo melhor.
Quanto mais recursos um homem movimenta, mais apto ele se encontra para influenciar positivamente a sociedade.
O cristão deve ser o sal da Terra e a luz do Mundo.
Isso é impossível em estado de ignorância!
Para iluminar é necessário não estar nas trevas da falta de conhecimento.
A parábola dos talentos também evidencia a importância de utilizar e multiplicar os próprios tesouros na obra do Senhor.
Evidentemente, tais talentos não se cingem a recursos amoedados.
A inteligência, a palavra bem-posta e a educação são meios preciosos para influenciar positivamente a vida dos semelhantes.
Nenhum talento deve ser desperdiçado, pois todos representam bênçãos Divinas em favor da Humanidade.
O homem inteligente tem a missão de esclarecer e conduzir os irmãos de caminhada por veredas de paz e bem-estar.
Não é viável que um cego conduza o outro.
Conseqüentemente, a ignorância não constitui um estado ideal e meritório.
Toda ignorância deve ser esclarecida.
Toda inteligência precisa ser cultivada.
Desse modo, o termo "pobre de espírito" não se refere a alguém tosco ou iletrado.
No contexto dos ensinamentos evangélicos, "pobre de espírito" possui o sentido de pessoa humilde.
A humildade é apontada como condição para acesso às coisas superiores.
Essa conclusão encontra respaldo em outra passagem evangélica.
Nela, o Cristo afirma que certos mistérios são ocultos aos doutos, mas revelados aos simples.
Por vezes o saber mundano gera em seus possuidores uma idéia errônea de superioridade.
Encantados com seus recursos, imaginam que nada se lhes possa estar acima.
Vaidosamente, negam a existência da Divindade, que tudo lhes propicia.
Ocorre que o conhecimento humano é assaz limitado.
O Universo é demasiado amplo e magnífico para ser totalmente explicado pelo pouco que a Humanidade já logrou apreender.
Há preciosas lições a serem aprendidas, mas elas exigem humildade.
É preciso não se deslumbrar com as próprias conquistas intelectuais.
Agradecer por elas à fonte maior, mas lembrar que o Universo é infinito.
Jamais alimentar qualquer ilusão de superioridade.
Tenha sempre em mente que você pode estar errado.
E que os outros sempre podem lhe ensinar algo.
Essa postura lhe permitirá permanecer modesto, à medida que evolui e aprende.
A humildade lhe possibilitará agir com compaixão, pois o fará perceber o próximo como um igual.
Assim, você não apenas terá conhecimentos, mas será um genuíno sábio.
Inteligente e bondoso, será um fator de luz e paz na vida dos semelhantes.
Percebendo-se útil, você se sentirá em harmonia com o Universo, pois estará realizando a sua missão na Terra.
A paz daí advinda será o começo do céu na sua vida.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.