De todos os sentimentos, o amor tem sido, ao longo do tempo, aquele com o qual o homem mais tem se envolvido.
Paradoxalmente, se equivocado muito a respeito de seu real significado.
Há os que afirmam amar e atormentam as criaturas. Há os que pretendem lecionar amor e agridem os demais.
Há, enfim, os que afirmam ser o amor uma utopia.
Os gregos tinham diversas palavras para expressar o amor.
Eros, por exemplo, de onde se deriva a palavra erótico, expressa esse sentimento de atração sexual e desejo ardente.
Por sua vez, para designar a afeição, sobretudo entre os familiares, os seus membros, serviam-se do vocábulo storgé.
Para o amor condicional, aquele do tipo eu faço o bem a você e você faz o bem a mim, eles se serviam da palavra philos.
No entanto, para designar o amor incondicional, aquele amor que nada pede em troca, a palavra era ágape.
Esse amor não se refere exatamente a um sentimento, mas a um comportamento, a ações.
Nas anotações dos Evangelistas, ao se referirem à expressão de Jesus quanto ao amor, a palavra utilizada é ágape.
Justamente porque Jesus, nosso Modelo e Guia, profundo conhecedor da alma humana, tinha ciência plena de que não se podia ordenar a outrem que tivesse determinado sentimento.
Assim, se pensarmos que ágape é o amor traduzido por um comportamento e pela escolha, a fala de Jesus quanto a nós mesmos e ao próximo é perfeitamente coerente.
Amar a si mesmo é respeitar o próprio corpo, zelando por ele, não dilapidando o patrimônio da saúde.
É ter o cuidado de não lhe impor alimentos em excesso a fim de não o sobrecarregar, tanto quanto não ingerir o que mal lhe faça.
É zelar pela própria condição espiritual, alimentando a mente de elementos positivos para o seu crescimento.
Como conseqüência natural, zelar pela saúde do próximo, o que desce a detalhes pequenos como manter a limpeza da cidade, preservar o meio ambiente, não desperdiçar água.
Também manter o automóvel em condições adequadas, a fim de que não se torne veículo poluente do ar que todos necessitamos respirar.
Dirigi-lo com cuidado, para não ser causador voluntário de acidentes que destroem corpos e trucidam vidas.
Isso é amar o próximo.
E quanto ao amor aos inimigos?
Dos mais simples casos aos mais complexos, vejamos: podemos não gostar do vizinho porque ele estaciona o seu carro em frente à nossa garagem, nos impedindo a saída.
Podemos não gostar dele porque deixa o lixo acumulando na calçada e as chuvas o trazem para o nosso terreno.
No entanto, podemos nos comportar amorosamente para com ele, o que significa ter paciência, ser respeitoso, embora ele se comporte mal.
Isso nos impedirá de retribuirmos em moeda maldosa essas faltas de cuidado e desleixo.
O ágape é paciente, bom, não é arrogante, não deseja tudo para si. Tudo suporta, tudo agüenta.
Esse amor não se vangloria, não se comporta de forma inconveniente, a ninguém condena por um erro cometido.
Traduz-se, enfim, por paciência, bondade, humildade, respeito, generosidade, perdão, honestidade, confiança.
Assim, entendemos que Jesus ao nos prescrever essa lição, lecionava que para as pessoas ruins, as nossas ações devem ser no sentido de não lhes retribuir o mal que nos façam.
Mais: de não se sentir feliz, quando a desgraça os atinge, pensando que esse momento seja o de tripudiar sobre a infelicidade alheia.
Desse modo, mesmo para quem nos puxa o tapete, quem nos rouba a namorada, o cargo, a nossa ação deve se dar no sentido de não agir da mesma forma.
Viver é um grande desafio. Conviver com os demais, auxiliar-se mutuamente, colaborar e crescer juntos requer exatamente esse amor prescrito por Jesus.
Esse amor-ação, amor-comportamento.
A não agirmos assim, estaremos fadados à infelicidade, à dificuldade de progresso, a muitos fracassos e à destruição de nós mesmos.
Aprendamos pois a amar a nós mesmos, ao nosso próximo, a quem não nos quer bem, a quem nos faz mal.
Texto da Redação do Momento Espírita, com base no cap. 4 do livro O monge e o executivo - uma história sobre a essência da liderança, de James C.Hunter, ed. Sextante.