Os adultos geralmente não lêem revistas em quadrinhos, mas algumas delas trazem ensinamentos profundos, de maneira lúdica e inteligente.
Com desenhos bem feitos e cores vivas, os personagens criados pelos artistas vão passando lições de filosofia e conceitos importantes para a formação de uma geração mais consciente.
Por vezes, numa única página encontramos grandes lições.
E uma dessas começa com o personagem chamado Horácio, um pequeno dinossauro verde, que caminha por entre as rochas e de repente se vê diante de um grande espelho.
Olha para sua imagem refletida diante de si, e algo lhe chama a atenção.
Depois de uma observação atenta, exclama para si mesmo: Perninhas curtinhas...
Olha mais detidamente e pensa: Bracinhos minúsculos!
Uma olhada a mais e se dá conta: Olhos esbugalhados e um cabeção enorme!
Observa-se um pouco mais e depois se vai, feliz da vida, pensando consigo mesmo:
Ah, tudo bem! Deve ser um daqueles espelhos que deformam a gente!
Nós também nos deparamos constantemente com o espelho da nossa própria consciência, que não só aponta as nossas deformidades morais, como indica a melhor conduta que deveríamos adotar.
Quando não é o espelho da consciência, são as pessoas que convivem conosco que nos falam sobre os nossos defeitos.
No entanto, muitos de nós fazemos como Horácio. Damos as costas e dizemos que a deformidade é culpa do espelho.
Quando a consciência nos alerta sobre a inveja que enfeia a nossa imagem, nós nos desculpamos dizendo que o outro não tem direito ou merecimento, e que fomos preteridos pela Divindade.
Se o ciúme projeta uma imagem deformada e o espelho íntimo nos assinala o problema, dizemos que é excesso de amor ou bem-querer, e que temos o direito de exigir posse exclusiva.
Se a avareza mostra sua face distorcida em nosso espelho íntimo, conformados, nos consolamos: Sou apenas econômico e previdente!
Quando o orgulho alardeia sua soberania, e a consciência faz o alerta, a desculpa surge de imediato: Em mim só há dignidade!
Mas se as nossas deformidades morais são apontadas pelos outros, que são nossos espelhos externos, nós dizemos que isso não passa de inveja, ciúme, despeito...
Não há dúvida de que o auto-engano é uma realidade, e ocorre em nível inconsciente, mas existem maneiras de verificar se nossa conduta está ou não equivocada.
Também não há dúvida de que o autoconhecimento é a chave do progresso individual.
Para quem deseja realmente se autoconhecer, para fazer em si a reforma moral necessária à felicidade eterna, eis algumas dicas do grande filósofo Santo Agostinho:
Quando estiver indeciso sobre o valor de uma de suas ações, pergunte como a qualificaria se fosse praticada por outra pessoa.
Se você a censura noutrem, não a pode ter por legítima quando for o seu autor, pois Deus não usa de duas medidas na aplicação de Sua justiça.
Procure também saber o que dela pensam os seus semelhantes e não despreze a opinião dos seus inimigos.
Os inimigos nenhum interesse têm em mascarar a verdade e Deus muitas vezes os coloca ao seu lado como um espelho, a fim de que seja advertido com mais franqueza do que o faria um amigo.
Todo aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas, deve indagar a sua consciência sempre e sem receio de ouvi-la.
É justo que se gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna.
Não trabalhamos todos os dias com o objetivo de juntar haveres que nos garantam repouso na velhice, que geralmente é cheia de dores e sofrimentos?
Seguramente valerá muito mais a pena investir alguns esforços para conquistar a felicidade sem fim.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita com base no item 919, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.