Na paisagem ela forma um tapete extenso e verdejante. Sobre ela passam os animais, que a pisoteiam.
Alguns, famintos, nela encontram alimento e, por isso, a arrancam nos dentes afiados.
Ela continua serviçal, na função que a natureza lhe ofereceu.
E trabalha, na intimidade da terra, esforçando-se para recompor as falhas provocadas, tornando a aparecer, exuberante sobre a terra.
Quando atapeta praças esportivas, é comprimida por grande número de pés, mas prossegue em seu mister.
Chutes mais fortes lhe arrancam pedaços, por vezes. Ela continua, operosa, a sua tarefa.
Agredida pela canícula inclemente, ela se aquieta no sofrimento.
Ressecada, prossegue na sua contribuição de cobrir grandes porções de terra, transformadas em campos ou praças.
Pensam que ela morreu. Todavia, logo venham as bênçãos de chuva, ela torna a reverdecer.
Esquece, rapidamente, os sofrimentos e a secura, para sofrer tudo outra vez.
Vez ou outra, padece a dilaceração da enxada, transferindo-a a outros lugares, replantando-a ou desprezando-a sobre o monturo.
De outras, passa pela poda da tesoura, a fim de mais embelezar-se.
É a imagem da humildade ativa.
Notando esse quadro tantas vezes desconsiderado do relvado a se oferecer, apesar de tudo, miremo-nos nele à busca de lições.
Da mesma forma que a relva, não nos deixemos desfalecer ante o pisoteio das experiências difíceis. Ou o mordiscado das decepções no caminho por onde sigamos.
Quando a secura das afeições, em forma de indiferença ou abandono, nos alcançar, permaneçamos firmes.
E renovemo-nos ante as bênçãos de outros corações que nos amam e oferecem apoio e consolo.
Ao contato insano dos que nos agridem nos mais caros sentimentos, despedaçando-nos o coração, prossigamos.
Como a relva, busquemos na intimidade as energias necessárias para reverdecer, realizando as tarefas que nos competem, sem esmorecer.
Trabalhemos em nós a humildade e a paciência, sem deixar de servir.
Os que hoje agridem, passarão. Suas palavras, seus ataques, suas calúnias... Tudo passará.
Depois dos dias de frio, vento e tempestade, sempre retornam as manhãs cantantes de sol e as tardes quentes, ao sabor do vento passante.
Iniciemos esforços para sofrer, sem nos desgovernarmos, nem abandonar os deveres que nos competem.
Não deixemos de servir porque a poda indevida nos alcançou, seja ela em forma de dores morais ou físicas.
Sempre estejamos dispostos a começar tudo novamente.
E, se enfim, nos sentirmos crestados por causa de tantas esfogueantes agonias, contemos com a chuva formidável da assistência do nosso Jesus.
Confiantes e dispostos, envolvidos nas benesses da sua atenção, preparemo-nos para despontar em novo amanhã de frescor e alegria, exatamente como a relva.
Pensemos nisso! E não nos permitamos parar de crescer e servir, porque alguém desavisado pisoteou nossas esperanças e nossos sonhos.
Renovemo-nos sempre pela vontade de servir e passar adiante para que os que venham depois somente encontrem traços de luz por onde passamos.
Texto da Redação do Momento Espírita com base no cap. 8, do livro Rosângela, do Espírito homônimo, psicografia de J. Raul Teixeira, ed. Fráter.