Você já teve, alguma vez, dificuldade para escolher um presente para alguém? Isto é, ficou se questionando o que deveria comprar: o que fosse mais útil, o mais vistoso, o mais bonito, o mais caro?
Uma mulher que procurava presentes para seus filhos, sem ter certeza de serem os que eles usariam ou o que eles desejariam, escreveu mais ou menos assim:
Por vezes é importante recordar as lições sobre o que é presentear de verdade. Ganhei amor pela leitura porque meu pai amava ler e tinha um escritório cheio de livros, com os quais passava horas todos os dias.
Comprar livros para aprimorar as mentes dos cinco filhos era, para meu pai, uma prioridade superior a comprar brinquedos e roupas supérfluas.
O exemplo de meus pais me deu a crença de que eu e outros podíamos fazer mais do que reclamar, torcer as mãos ou ceder ao desespero em face dos males que infestam o mundo.
Meu pai, um professor e pastor, procurava educar a mente dos fiéis, além de tocar seu coração.
Ensinava que a fé necessita de ação e que a ação só podia ser sustentada pela fé diante do desalento diário e da injustiça em nossa sociedade.
A força que possuo hoje me foi presenteada pela firmeza de minha mãe perante duros desafios. Dela recebi o interesse pelas crianças sem lar, que ela adotou depois da morte de meu pai.
Ainda hoje eu me envergonho de meu ressentimento quando me pediram que partilhasse o quarto, por alguns dias, com uma criança sem teto. Enquanto eu crescia, minha mãe me deu muitos irmãos e irmãs de criação.
Quem me ensinou a lidar com o medo foi uma mulher que morava numa casa de quatro cômodos, sem pintura, com uma grande varanda na frente e outra, pequena, nos fundos.
Eu adorava ficar com ela quando meus pais viajavam para alguma convenção ou para visitar algum parente.
Certo dia, quando uma grande tempestade de verão ameaçava desabar, a Sra. Thereza Kelly me pediu que apanhasse as roupas penduradas na varanda dos fundos, para não ficarem encharcadas.
Quando me dirigia para a varanda, ouvi um grande trovão. Corri de volta e disse para a Sra. Thereza que tinha medo de ser atingida por um raio. Ela me explicou calmamente sobre a fé em Deus, enquanto ia comigo pegar as roupas.
Enfim, verifico que nem sequer me lembro da maioria dos presentes que ganhei quando criança. Mas levo comigo, com o maior carinho, as lições de vida que na infância recebi de meus pais e dos adultos interessados e afetuosos da comunidade.
Espero, sinceramente, que essas recordações me dêem forças para parar de fazer compras e, em vez disso, dar a uma criança um presente de verdade: tempo passado com um adulto que se interesse por ela e que lhe repasse valores que durarão para sempre.
Pense nisso
Pense nisso! Quando acaricias o teu filho, agradas a ele ou te confortas a ti?
Quando o teu filho sonha, podes imaginar o país por onde ele viaja, nas asas do sono?
Saberá alguém o que pensa a criança na rápida quadra infantil?
As fadas dos sonhos, que habitam a aldeia da felicidade, estas sabem o que se passa com as crianças.
Se abrires as portas do coração para que elas te venham ensinar, o seu canto de amor te dará a música para todas as melodias que deves ofertar às tuas crianças.
Equipe de Redação do Momento Espírita, a partir de artigo de Marian Wright Edelman, intitulado Os melhores presentes, inserido em Seleções, dez/2001 e texto nº XV da obra Estesia de Rabindranath Tagore (psicografia de Divaldo Franco)