Livraria 18 de Abril

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Presente de Deus

   

O momento não poderia ter sido mais impróprio. As dificuldades financeiras se somavam aos problemas com a saúde e o desespero quase a dominava naqueles dias em que a gravidez foi confirmada.

Num segundo desfilaram pela sua mente as tarefas intermináveis no lar, roubando-lhe as madrugadas, no trato com a enfermidade de sua mãe. Vieram-lhe à mente as horas exaustivas no trabalho profissional, a fim de garantir o pão, o abrigo, o teto.

O cansaço a abraçava de há muito tempo. Sentiu que as lágrimas represadas deslizavam como uma torrente, umedecendo-lhe as faces pálidas.

Um bebê! Pensou nas canseiras das noites mal dormidas que teria que enfrentar, dos gastos com fraldas, leite, medicamentos e tantas outras coisas.

Acariciou o ventre que abrigava o serzinho em formação. Uma emoção diferente a envolveu. Decidiu. Teria a criança e a iria receber com amor.

Se Deus a convocara para ser mãe com certeza, a haveria de auxiliar.

Não foi fácil a gestação e a criança nasceu prematura. Quanta preocupação! Tanto medo de que ela não sobrevivesse.

Os meses se passaram e a menina, loura, de olhos claros, se desenvolveu.

Então, e só então, marina se deu conta do infinito amor de Deus. Brindando-a com a maternidade, conferiu-lhe a oportunidade das mais doces alegrias.

Quando a tristeza lhe nublava o semblante, o bebê parecia adivinhar-lhe as dores e sorria, estendendo os bracinhos, batendo as pernas, feliz, emitindo sons de contentamento.

Quando a morte adentrou seu lar, arrebatando-lhe a mãe, foi a pequenina que lhe preencheu os dias, não permitindo que a saudade imensa lhe atingisse a vontade de viver.

Quando a depressão pretendia lançar seus tentáculos, envolvendo-a, foram os risos da pequerrucha que a trouxeram de retorno à realidade doce das suas carícias, estimulando-a a lutar ainda mais.

Deus lhe mandara aquela preciosidade que desperta cantarolando, acordando o sol, que mal se espreguiça no horizonte.

Uma preciosidade que retribui em carinho, beijos e abraços os cuidados e atenção que recebe.

Sentindo as mãozinhas quentes lhe tocando o rosto, e ouvindo-a dizer espontaneamente: "mamãe, eu te amo!", as emoções mais sublimes invadem marina e lhe falam, na acústica da alma: "Deus te envia o seu amor."

***

A criança é sempre portadora de alegrias, na inocência das brincadeiras, na espontaneidade dos seus sentimentos. É bem a mensagem da esperança que não morre e do amor que se multiplica, inesgotável.

Enquanto houver crianças nos lares, envolvendo de risos os ares, a humanidade poderá caminhar esperançosa e feliz, pois a criança é o sorriso de Deus materializado na terra.

Texto da Redação do Momento Espírita