Livraria 18 de Abril

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Apenas o bom senso

   

Observava a maneira maternal com a qual dona Marta aconselhava um jovem rapaz, que aparentando seus trinta e cinco anos, trazia uma fisionomia triste e apagada.

Embora trabalhasse em um salão de beleza dos mais finos da capital paranaense e tivesse uma clientela das mais selecionadas, faltava brilho em sua vida.

Trabalhando mais ou menos doze horas por dia em contato com as mais variadas personalidades, umas serenas e tantas outras desequilibradas, a rotina estava fazendo com que ele se desanimasse cada vez mais.

Onde o sossego e a tranqüilidade se ao retornar para casa só enfrentava problemas tanto com os filhos quanto com a ex-mulher que quase o enlouqueciam?

Como poder ter um descanso agradável se os familiares conseguiam lhe transtornar por completo?

O tempo passava rapidamente, e percebia-se o total descaso para com tudo que o rodeava, inclusive as pessoas que o amavam.

A autodestruição era evidente e mais forte a cada dia que passava. E não havia a menor chance de aproximação reparadora pois ele mantinha a guarda fechada, não permitindo intromissões nem conselhos.

Mas dona Marta, senhora escolada em muitos anos de trabalho no auxílio fraterno, como quem nada sabia, mas com muita sabedoria comentou com ele algo mais ou menos assim:

Meu filho, como foi que você acordou hoje? O que você sentiu?

Normalmente, como sempre, respondeu amargo. Nada demais que pudesse notar de extraordinário! O mesmo tempo, as mesmas ações, o mesmo comportamento, ou seja, igual a todos ou outros dias de todas as outras semanas dos últimos meses, retrucou com ironia.

E ela, muito sábia, continuou:

Mas, ao acordar, você abriu os olhos e pode contemplar tudo a sua volta, não foi?

Sim. Respondeu secamente.

Depois, fez sua higiene sem auxílio de ninguém e tomou sua bela refeição matinal, desfrutando do bom e do melhor em termos de alimentação não é mesmo?

Claro, este é um item obrigatório, em meu dia de trabalho, senhora.

Mas depois disto, com toda disposição, encaminhou-se para cá, em seu carro, dirigindo, vendo a paisagem da cidade que lhe acolhe e, ao chegar aqui, ouviu e respondeu à várias saudações carinhosas de bom dia dos companheiros de trabalho e clientes, não foi?

Com certeza, e também dei carona a um conhecido que se machucou no futebol e estava temporariamente proibido de dirigir!

Então meu amigo, você não pode dizer que não houve nada que não lhe impressionasse a rotina. Se você pode ver, ouvir, sentir, andar, falar, você já tem, além do que a normalidade, pois tem emprego para onde ir, amigos que lhe acolhem, saúde que sobra e percepções fantásticas do mundo, que nem todos possuem.

Repense seu dia-a-dia e seja, de hoje em diante, um ser radiante, inteiro, porque viver só pela metade é uma perda de oportunidade de ser feliz.

Pense nisso!

Se você também acha que sua vida se transformou em triste rotina, mesclada de aborrecimentos constantes e que nada mais tem graça, pode ser que esteja percebendo o mundo pela metade.

Nesse caso, quebre a monotonia, faça uma visita a um orfanato, a um hospital infantil, a uma casa de repouso para idosos.

Entre em contato com essas pessoas solitárias e dependentes e dedique um pouco do seu tempo.

Se as suas horas perderam a graça, ofereça-as a quem de fato dará a elas muita importância.

Seja voluntário em alguma obra assistencial e verá que tudo a sua volta terá um colorido diferente, devolvendo a você o bom ânimo e a alegria de viver, trabalhar e ser útil.

Pense nisso!

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.