Livraria 18 de Abril

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Morte em tenra idade

   

O casal se consorciara e, desde os tempos do noivado, haviam estabelecido em seus planos, o número de filhos. É como se pudessem ver, através da tela mental, as crianças a correr e encher a casa que juntos idealizaram.

Esmeraram-se no jardim a fim de que, ao chegarem os pequenos, logo tivessem contato com a natureza, o perfume e as cores das flores miúdas.

Deixaram uma pequena área para que, em tempo oportuno, pudessem colocar aparelhos próprios para as crianças brincarem.

Olhando aquele espaço, de mãos dadas, já se imaginavam ensinando os pequenos subirem pela escada e descerem pelo escorregador, caindo no meio da areia.

Podiam quase se ver a segurá-los, enquanto tentavam escalar os degraus e engatinharem, através da casinha que seria um labirinto bem montado, a abrir portas e janelas, sorrindo felizes.

A gravidez não tardou e tudo se passou num clima de ansiedade e sonhos. O dia em que puderam ouvir pela primeira vez o coraçãozinho do filho a bater, foi-lhes de pura emoção.

Cada mês era uma descoberta. Filmaram as diversas ecografias para que, um dia, pudessem mostrar ao pequeno como ele começara a sua vida na Terra, no carinho e aconchego do ventre materno.

Prepararam berço, quarto, rendas e roupinhas. Tudo traduzia o imenso amor que dedicavam ao pequeno. O nascimento foi uma festa, os primeiros dias uma descoberta contínua, os meses que se seguiram de aprendizado para os pais, tentando traduzir o choro infantil, os primeiros balbucios, o código especial daquele palavreado todo especial.

Os primeiros passos foram filmados e, a cada toque das mãozinhas tenras, era uma emoção diferente. Nos corações dos pais, a gratidão brotava espontânea e, todas as noites, agradeciam a Deus pela dádiva preciosa que lhes havia mandado.

Orando ao pé do berço, em rogativa singela a Jesus pelo pequeno que dormia, sentiam-se sempre mais felizes.

Então, um dia, aconteceu a tragédia. Uma febre inexplicável tomou conta do garoto que, até a pouco, brincava feliz na caixa de areia, em plena tarde de verão.

Ele adentrara a cozinha, queixando-se de dor de cabeça. A mãe o acarinhou, sentiu-lhe a temperatura anormal e chamou o marido. Logo vieram os exames, o internamento. Em poucas horas, a morte cruel.

O casal sentiu os corações estraçalhados. Como era possível que uma criança tão cheia de vida, pudesse morrer em poucas horas? E nos dias de hoje, com tantos recursos? Nada lhe faltara.

O pai desesperou-se, agarrou-se ao corpinho ainda quente e começou a gritar: Volte, volte. Não vá embora. Não nos deixe.

Então, a mãe, vencendo a dor que lhe esmagava o coração, qual uma mão de ferro, aproximou-se do marido, abraçou-o ternamente e lhe falou ao ouvido:

Amado, deixa-o partir. Ele veio e somente nos deu alegrias. Cumpriu o seu tempo. Deixa-o retornar em paz ao mundo de onde veio. Não o retenhas...

* * *

A morte em tenra idade é, dentre os tipos de morte, possivelmente, a que mais indagações provoca nos corações aflitos.

Contudo, elas ocorrem porque há Espíritos que vêm à Terra e tomam as vestes humanas, na qualidade de filhos, para fazerem felizes aos que amam.

Deixam a sua mensagem de alegria e de paz e retornam ao mundo espiritual, desde que a tarefa foi cumprida.

Outros Espíritos necessitam de algum tempo apenas, como complementação de vidas anteriores, não vividas em plenitude.

É sempre provação para os pais que sofrem a dor da separação. Mas, uma certeza deve permanecer: a morte não existe e, os que se amam, prosseguem a se amar na Espiritualidade.

Um dia, haveremos todos de nos reencontrar no mundo espiritual ou em vidas futuras, em algum lugar...

Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 17, ed. Fep.