Livraria 18 de Abril

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Deus na natureza

   

A cada novo dia a natureza nos oferece espetáculos de belezas sem fim...

Quem já não contemplou a maravilha de uma gota de orvalho a brilhar, refletindo a luz do sol?

Uma simples teia de aranha e sua engenharia perfeita...

A relva verde... o andar desengonçado de um joão-de-barro, logo ao amanhecer...

Uma folha seca bailando no ar prenunciando o inverno...

O céu de anil com suaves pinceladas brancas como se fossem nuvens de algodão.

O entardecer, quando o sol se despede deixando rastros em vários tons dourados como se fosse ouro derretido, levemente espalhado por mãos invisíveis...

A lua cheia refletida num lago, parecendo um grande espelho líquido...

A cantoria do vento na folhagem das árvores, qual suave melodia, convidando a sonhar...

O olhar de um cão solitário, pedindo companhia...

O balançar do salgueiro, lembrando mãos distendidas nas margens dos rios e lagos, como a protegê-los...

O ir e vir das ondas, acariciando a areia quente das praias como querendo amenizar o calor...

O cheiro do mato, após a chuva...

A água cristalina dos rios que correm por entre as montanhas, como se fossem veias transportando a vida.

O sorriso inocente na face da criança, pedindo amparo e proteção.

As pegadas do lavrador nas estradas poeirentas que conduzem ao eito...

O galopar do cavalo evidenciando sua liberdade...

O abrir e fechar das asas da borboleta sobre a flor, a andorinha fazendo acrobacias no ar, a garça solitária à espreita do alimento.

O abraço afetuoso de um amigo. O rosto sulcado do ancião, que não teme a velhice por saber que ela não alcança o Espírito. As mãos calejadas do trabalhador...

A noite bordada de estrelas a nos mostrar a grandeza do Universo infinito...

Uma gota d´água na pétala de uma rosa, refletindo outras tantas rosas...

O tamborilar da chuva no telhado... A goteira a cantar na calha...

A araucária secular, com seus galhos esparramados, debulhando as pinhas para saciar com seus frutos a fome dos pássaros.

O cricrilar do grilo, o coaxar da rã, o piar da coruja fazendo-se anunciar na noite silenciosa.

O som melodioso extraído do teclado por mãos habilidosas.

A harmonia das cores nos canteiros floridos das ruas e praças...

O dia, que a cada amanhecer renova o convite para que vivamos em harmonia, imitando a natureza.

Essas e outras tantas belezas são a presença discreta de Deus na natureza que nos cerca, dizendo-nos que também somos Suas criaturas e que fazemos parte desse Universo maravilhoso, e que, acima de tudo, somos herdeiros desse mesmo Universo, como filhos do Criador que somos todos nós.

* * *

A contemplação da natureza oferece ao homem incontestavelmente, inefáveis encantos. Na organização dos seres descobre-se o incessante movimento dos átomos que os compõem, tanto quanto a permuta constante e operante entre todas as coisas.

Justa é a nossa admiração por tudo o que vive na superfície da Terra.

Redação do Momento Espírita,com pensamento final extraído do livro Deus na natureza, de Camille Flammarion, ed. FEB. Disponível no CD Momento Espírita, v. 2, ed. Fep.